sexta-feira, 30 de março de 2012

A interpretação pessoal da Biblia


Dois dos grandes legados que recebemos da Reforma foram o princípio da interpretação pessoal da Bíblia e a sua tradução na língua do povo. O próprio Lutero colocou em foco essas questões. Quando se apresentou diante da Dieta de Worms (um concílio no qual foi acusado de heresia por causa de seus ensinamentos), ele declarou:
"A menos que eu seja convencido pela Escritura, minha consciência continuará cativa da Palavra de Deus - não aceito a autoridade de papas e concílios, porque se têm contraditado. Não posso nem quero retratar-me, porque ir contra a consciência não é certo nem seguro. Que Deus me ajude. Amém."
A declaração de Lutero, e sua subseqüente tradução da Bíblia para sua língua vernácula (do próprio País), tiveram dois efeitos. Primeiro, tirou da Igreja Católica Romana o direito  exclusivo de interpretação. O povo não mais ficaria à mercê das doutrinas da igreja, tendo de aceitar as tradições ou ensinos eclesiásticos como tendo autoridade igual à da Palavra de Deus. Segundo, colocou a interpretação nas mãos do povo. Essa mudança foi mais problemática. Levou aos mesmos excessos sobre os quais a Igreja Romana estava envolvida - interpretações subjetivas do texto que levam ao afastamento da fé cristã histórica.

O subjetivismo tem sido o grande perigo da interpretação pessoal. O princípio da interpretação pessoal não significa que o povo de Deus tenha o direito de interpretar a Bíblia da maneira que bem entender. Juntamente com o "direito" de interpretar as Escrituras vem também a responsabilidade de interpretá-la corretamente. Os crentes têm liberdade de descobrir as verdades da Escrituras, mas não são livres para fabricar suas próprias verdades. São chamados para entender os sólidos princípios de interpretação e evitar os perigos do subjetivismo.

Portanto, buscar um entendimento objetivo das Escrituras de maneira nenhuma reduz a Bíblia a algo frio, abstrato e sem vida. O que estamos fazendo é buscar entender o que a Palavra diz em seu contexto antes de prosseguirmos para a tarefa igualmente necessária de aplicá-la à nossa vida. Uma declaração em particular pode ter numerosas aplicações pessoais possíveis, mas só pode ter um único significado correto. O direito de interpretar a Bíblia leva junto consigo a obrigação de interpretá-la com exatidão. A Bíblia não é um "nariz de cera" que pode ser moldado e assumir a forma desejada pelo intérprete.

Sproul, R.C. 1º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã.

O documento mais famoso dos protestantes


As 95 teses de Martinho Lutero são frequentemente consideradas uma declaração corajosa de independência para a igreja protestante.


Por Christian History & Biography


Quando escreveu quase 100 pontos de debate em latim, Lutero estava simplesmente convidando os seus companheiros acadêmicos para uma “Disputa sobre o poder e a eficácia das indulgências”, o título oficial da tese. (O debate nunca aconteceu, mas as teses foram traduzidas para o alemão e distribuídas largamente, criando um tumulto.)

O que eram indulgências? No sacramento da penitência, os cristãos confessavam pecados e achavam absolvição para eles. O processo de penitência envolvia satisfação – pagar a pena secular por aqueles pecados. Sob certas circunstâncias, alguém que estava realmente contrito e tinha confessado seus pecados podia receber remissão parcial (ou, raramente, completa) da punição secular comprando uma carta de indulgência.

Nas 95 teses, Lutero não atacou a ideia das indulgências, pois na tese 73 ele escreveu “... o Papa se levanta justamente contra aqueles que, por qualquer meio, planejam mal a venda de indulgências”.

Mas Lutero protestou fortemente contra o abuso das indulgências – mais enfaticamente sob a habilidosa capacidade de venda de Johann Tetzel. E, no processo, Lutero derrubou, embora provavelmente não tenha percebido na ocasião, os pilares que apoiavam muitas práticas no cristianismo medieval.

Afirmações-chave

Aqui estão treze amostras das teses de Lutero:

1. Quando nosso Senhor e Mestre, Jesus Cristo, diz “arrependam-se” etc, Ele quer dizer que toda a vida do fiel deve ser um arrependimento.

2. Esta afirmação não pode ser entendida do sacramento da penitência, isto é, da confissão e da satisfação, que é administrada pelo sacerdote.

27. Eles pregam a insensatez humana que finge que, ao ressoar o dinheiro no cofre, uma alma foge do purgatório.

32. Aqueles que acham que por causa de suas cartas de indulgências têm certeza da salvação, estarão eternamente perdidos junto com seus professores.

36. Todo cristão que se arrepende de verdade tem perdão total tanto da punição e culpa lançada sobre ele, mesmo sem as cartas de indulgência.

37. Todo cristão verdadeiro, seja vivo ou morto, tem uma parte nos benefícios de Cristo e da igreja, pois Deus tem lhe dado isto, mesmo sem cartas de indulgência.

45. Os cristãos devem ser ensinados que quem ver uma pessoa necessitada, ao invés de ajudá-la, usa seu dinheiro para uma indulgência, não obtém uma indulgência do Papa, mas o desprazer de Deus.

51. Os cristãos devem ser ensinados que o Papa deve dar – e daria – os seus próprios recursos para os pobres, de quem certos pregadores de indulgências extraem dinheiro, mesmo se ele tivesse que vender a Catedral de S. Pedro para fazer isso.

81. Esta pregação desavergonhada de perdões, torna difícil para qualquer homem instruído defender a honra do Papa, contra a calúnia ou responder as perguntas indubitavelmente sagazes dos leigos.

82. Por exemplo: “Por que o Papa não esvazia o purgatório por amor... pois afinal, ele libera incontáveis almas por dinheiro sórdido contribuído para construir uma catedral?”

90. Suprimir estes argumentos inteligentes por parte dos leigos, pela força ao invés de respondê-los com razões adequadas seria expor a igreja e o Papa ao ridículo de seus inimigos e trazer infelicidade aos cristãos.

94. Nós devemos alertar os cristãos a seguir a Cristo, seu Cabeça, através de punição, morte e inferno.

95. E assim, deixe-os por confiança nele, entrar no céu através de muitas tribulações ao invés de alguma falsa segurança e paz.

Dentro de dois meses, Johann Tetzel revidou com suas próprias teses, incluindo: “os cristãos devem ser ensinados que o Papa, por autoridade e jurisdição, é superior a toda a Igreja Católica e seus conselhos, e que eles devem obedecer humildemente seus estatutos”.


quinta-feira, 29 de março de 2012

Buscando o conteúdo doutrinário


''...todo o sermão deveria estar repleto de doutrina. Deve ser rico em teologia. Afinal de contas, a Bíblia é uma revelação divina. Revela a mente de Deus. Ela nos mostra o que devemos crer a respeito dele e o que ele espera de nós em nossa curta existência. Toda vez que a Bíblia é pregada, aqueles que a ouvem devem crescer no entendimento da doutrina e do dever.

A nossa expectativa de vida está entre setenta e oitenta anos. Isto é tempo suficiente para lermos a Bíblia muitas dezenas de vezes. Um pastor de tempo integral que prega durante quarenta anos também desfruta de tempo suficiente para fazer exegese de toda a Bíblia. E o que o leitor da Bíblia, especialmente o exegeta, acaba descobrindo? Ele descobre que as Escrituras contêm um sistema de doutrina. Com toda a Bíblia em mente, é possível afirmar o que ela ensina a respeito de Deus, dos seus decretos, da criação, da providência, da redenção, do livre-arbítrio, da justificação, do juízo, do céu, do inferno e de outros inumeráveis assuntos. […]

A Bíblia é uma caixa repleta de pedras preciosas. É maravilhoso pegar cada pedra preciosa, examiná-la em detalhes e ser comovido por sua beleza. Mas, por que não dizer às pessoas que essas joias pertencem ao Rei que tem lugar para cada uma delas em sua coroa? Devemos permitir que as pessoas vejam como todas as joias se encaixam para adornar a coroa do Rei. Elas nunca esquecerão de tal contemplação. E nunca mais olharão para cada joia como o fizeram antes.

(Extraído de “Pregação Pura e Simples”, de Stuart Olyott. Editora Fiel: 2008, pgs. 49-50)


quarta-feira, 28 de março de 2012

Cristo é o centro e o coração da Bíblia


O Antigo Testamento descreve uma nação.

O Novo Testamento descreve um HOMEM.

A nação foi estabelecida e nutrida por Deus para que desse aquele Homem ao mundo.

O próprio Deus tornou-se homem para dar ao gênero humano uma ideia concreta, definida e palpável do que seja a Pessoa que dever ter em mente quando pensamos em Deus. Deus é tal qual Jesus. Jesus era Deus encarnado, em forma humana.

Seu aparecimento na terra é ao acontecimento central de toda a história. O Antigo Testamento fornece o cenário para esse aparecimento. O Novo Testamento descreve-o.

Como homem, Jesus viveu a vida mais peculiarmente bela que já se conheceu. Ele foi o homem mais bondoso, mais terno, mais gentil, mais paciente, mais compassivo que já existiu. Amava pessoas. Detestava vê-las aflitas. Gostava de perdoar. Deleitava-se em ajudar. Operava milagres estupendos para alimentar gente faminta. Aliviando os que sofriam, esquecia-se de comer. Multidões cansadas, vencidas pelas dores, de coração aflito, vinham a Ele e encontravam cura e alívio. Dele, e de mais ninguém foi dito que se todas as suas obras de bondade fossem registradas o mundo não poderia conter os livros. Jesus foi este tipo de homem. E Deus é este tipo de pessoa.

Depois: Ele morreu numa cruz, para tirar o pecado do mundo, para tornar-se o Redentor e Salvador do homem.

Depois ainda: ressurgiu dos mortos e agora vive. Não é apenas uma personalidade histórica, porém, uma pessoa viva. Ele é o fato mais importante da História e a força mais vital do mundo de hoje.

Toda Bíblia se desenvolve ao redor desta bela história de Cristo e da sua promessa de vida eterna, feita a quantos o aceitam. A Bíblia foi escrita somente para que o homem creia, e entenda, e conheça, e ame, e siga a CRISTO.

Cristo, centro e âmago da Bíblia, centro e âmago da História, é o centro e o âmago de nossas vidas. Nosso destino eterno está em suas mãos. De aceitá-lo ou rejeitá-lo depende, para cada um de nós, a glória eterna ou a ruína eterna, o céu ou o inferno; ou um, ou outro.

A mais importante decisão que alguém possa ser chamado a tomar é a atitude de resolver, em seu coração, uma vez para sempre, a questão de sua atitude para com Cristo. Disso depende tudo.

É uma coisa gloriosa ser crente, o mais elevado privilégio da raça humana. Aceitar a Cristo como Salvador, Senhor e Mestre, porfiar sincera e devotamente por segui-lo no caminho da vida que ele ensinou, é, certa e decididamente, o modo mais razoável e mais satisfatório de vida. Isso significa paz, paz de espírito, contentamento de coração, perdão, felicidade, esperança, vida, vida aqui e agora, vida abundante, VIDA QUE NUNCA FINDARÁ.

Como pode alguém ser tão cego e insensato, ao ponto de prosseguir pela vida a fora e encarar a morte sem a esperança cristã? Fora de Cristo, que é que existe, que é que pode existir, seja quanto a este mundo, seja quanto ao outro, para que valha a pena viver? Todos havemos de morrer. Para que dissimular, com risos, este fato? Vê-se que convém a todo ser humano receber a Cristo de braços abertos, e considerar o mais altaneiro privilégio da vida, o de usar o nome de cristão.

Em última análise, a coisa mais cara e mais doce da vida é ter consciência, no mais recôndito de nossos íntimos motivos, de que vivemos para Cristo, e de que por mais débeis que sejam os nossos esforços, afadigarmo-nos em nossa lida diária na esperança de que, na última etapa, teremos feito alguma coisa para depositar, em gratidão e adoração humilde, aos seus pés como oferta.

(Extraído de “MANUAL BÍBLICO: um comentário abreviado da Bíblia. Henry H. Halley. São Paulo: Vida Nova, 1994, 4 ed., pgs. 20-21)

quinta-feira, 22 de março de 2012

Bíblia e Literatura


Um dos pontos mais controversos no debate sobre a relação entre a Bíblia e a literatura é a questão da autoria. Tanto judeus – no caso da Torah – quanto cristãos alegam que a Bíblia tenha sido inspirada por Deus, alegação esta que o próprio texto sagrado afirma e corrobora quando fala de si mesmo. Os cristãos são ainda mais ousados do que os judeus nesse ponto quando afirmam que uma das provas de que a Bíblia é inspirada por Deus é o fato de que ela gira toda em torno de um personagem central – Jesus Cristo é tido como a chave que unifica o Antigo Testamento (AT) e o Novo Testamento (NT) para além das suas diferenças de conteúdo e de imagem de Deus. Ele é o cumprimento vivo das profecias do AT, em que é mais conhecido como Messias. Alguns judeus compreenderam tão bem esse ponto do AT que continuam esperando pelo Prometido até os dias de hoje. Essa é a diferença básica entre cristãos e judeus. Os primeiros reconhecem Jesus Cristo como sendo quem ele alegava ser, o Filho de Deus, sua encarnação, para escândalo de grande parte dos judeus.

O fato de a Bíblia ter sido escrita ao longo de centenas de anos por diversas mãos – a maioria delas anônimas – com diferentes backgrounds profissionais e geográficos é considerado motivo para as suspeitas daqueles que só creem no que tocam ou no que leva o carimbo da Ciência. A Bíblia foi escrita por 40 pessoas, ao longo de 16 séculos, embora até nisso haja controvérsias, uma vez que alguns livros são de autoria e datação incerta.

Usualmente, pessoas assim também resistem ao novo paradigma da incerteza em toda a ciência e/ou desconfiam da validade da literatura oral e do senso comum em geral. Querem muitas vezes com isso evitar se misturar com o povo e seu conhecimento de "segundo calão".

Já aqueles que se dão ao trabalho de uma leitura mais atenta da Bíblia notarão a estranha coerência interna que torna esse livro tão misterioso, fascinante e poderoso. Muitas vezes essa coesão não pode ser vista logo na primeira leitura, o que, por sua vez, faz com que até aqueles que dificilmente leriam um livro mais de uma vez, não resistam a voltar a abri-lo. E quem decide estudá-lo para valer, de maneira, por assim dizer, "científica", notará que nem tudo são mistérios em torno desse livro. Não raro, estes também acabam por se render à forte e assustadora intuição de que ela seja fruto de uma só mente: Deus.

É claro que não temos pretensão alguma aqui de querer identificar o estilo literário de Deus, como se pode identificar o de um pintor ou de um músico, o que não deixa de ser um excelente exercício. Se até Tomás de Aquino se dizia incapaz de "esgotar sequer a essência de uma mosca", uma das menores criaturas da natureza, imagine a de Deus! A face divina e a maneira de Deus agir são coisas ao mesmo tempo tão distantes e tão próximas de nós que vivem escapando por entre os dedos das mãos.

O sentimento que se tem diante do estilo de Deus é muito parecido com o que nos invade no trabalho de crítica literária quando se quer conhecer mais a fundo determinado autor "real" ou determinada língua, particularmente quando se trata de poesia ou literatura imaginativa em geral (mitos, contos de fada, provérbios, etc.) Esse sentimento de maior ou menor familiaridade ou estranhamento explica, inclusive, porque não é preciso ser especialista para desenvolver um certa intimidade com esse inexaurível Autor. Nós aprendemos a conhecê-lo como conhecemos certas pessoas do nosso cotidiano: pela postura, tom de voz, olhar, etc. – e, no caso, por meio da literatura e da ficção. Ou seja, para entendermos o jeito de ser de alguém, o pressuposto necessário é a convivência e a linguagem comum, o nível de interlocução, isto é, de comunicação, que temos com ela. Na literatura, à semelhança do que acontece quando nos vemos deparados com a Bíblia, dá-se algo parecido. De tanto viver com certos autores e estilos, nós conseguimos, com grande chance de acerto, reconhecer ou discernir certas atitudes que são típicas a eles, e outras que destoam definitivamente.

No entanto, apesar de sermos capazes de reconhecer o estilo dos personagens criados por um autor e, por reflexo também, o do próprio autor, que se espelha de forma mais ou menos nítida em todos os personagens, não devemos recair no reducionismo, achando que podemos "classificá-los" de alguma forma predeterminada. Pois todo personagem é, antes de ser produto da imaginação humana, proveniente em última instância do Criador que a todos "inventou" imprimindo-lhes a Sua Imagem. Essa pode ser uma boa explicação para o poder de influência desse livro tão sui generis, a Bíblia, para além dos seus mistérios. E se nós já cremos na Bíblia como Palavra inspirada pelo próprio Deus, quanto mais não a estaremos apreciando quando a reconhecermos, além disso, também como excelente obra literária que é e que nos remete a outras obras muito saudáveis como, por exemplo, “As Crônicas de Nárnia” e outros tantos clássicos da literatura mundial.

É claro que não podemos reduzir a Bíblia à literatura ou submetê-la às rígidas classificações de gênero, mesmo porque ela não cabe em nenhum deles, ao mesmo tempo em que cabe em todos eles. Mas acreditamos ter com essa aproximação entre a literatura e o estudo da Bíblia, ter dado uma vaga noção da riqueza desse diálogo e do estilo surpreendente que se encontra por trás de sua infinidade de autores, que diz respeito a toda a humanidade. Ou pelo menos, esperamos ter contribuído para melhorar a imagem que fazemos daquele de quem somos imagem.

Autor: Gabriele Greggersen

quarta-feira, 21 de março de 2012

A Bíblia é a Palavra de Deus


Sem levar em conta qualquer teoria sobre a inspiração da Bíblia, ou qualquer ideia sobre como foi que seus livros chegaram à forma atual, ou até onde o texto bíblico sofreu às mãos dos redatores e copistas, ao ser transmitido, abstraindo-nos da questão de saber o quanto é que se deve interpretar ao pé da letra e o quanto é que se deve aceitar como tendo sentido figurado, ou qual parte da Bíblia é história, e qual é poesia, se simplesmente admitirmos que a Bíblia é exatamente aquilo que se apresenta ser, se estudarmos seus livros para lhes conhecer o conteúdo, acharemos nela uma unidade de pensamento a indicar que uma Mente única inspirou a escrita e a compilação de toda a série dos seus livros, que ela traz em si o sinete do seu Autor, que, é em sentido único e distintivo, A PALAVRA DE DEUS.

Há uma opinião moderna, sustentada mesmo em larga escala em certos círculos intelectuais, de que a Bíblia é uma espécie de história secular do esforço do homem por encontrar Deus: um registro da sua experiência no esforço por alcançá-lo, melhorando gradativamente suas ideias a respeito da Divindade, baseado nas experiências das gerações precedentes. Naquelas passagens, tão abundantes na Bíblia, onde se diz que Deus falou, de acordo com esta opinião Deus não falou realmente, mas os homens expressaram suas ideias em linguagem que diziam ser a linguagem de Deus, quando, na realidade isso era apenas o que imaginavam a respeito de Deus. A Bíblia, por essa forma, seria nivelada aos outros livros, mas como obra humana, fingindo ser obra de Deus.

Rejeitamos de todo essa ideia e com repugnância. Cremos que a Bíblia é, não o relato do homem sobre seus esforços por encontrar a Deus, porém a narração do esforço de Deus por se revelar ao homem: é o registro do próprio Deus, quanto ao seu trato com os homens, na revelação que de si mesmo fez à raça humana; é a vontade revelada do Criador do homem, transmitida ao homem pelo próprio Criador, para lhe servir de instrução e direção nos caminhos da vida.

Os livros da Bíblia foram compostos por autores humanos, nem se sabendo quais foram alguns deles. Tampouco se conhece como foi exatamente que Deus dirigiu esses autores no ato de escrever. Contudo, afirma-se que Deus os dirigiu e os livros da Bíblia forçosamente são exatamente o que Deus quis que fossem.

Há uma diferença entre a Bíblia e todos os outros livros. Os escritores em geral podem orar a Deus que os ajude e dirija, e Deus realmente os ajuda e dirige. Há no mundo inteiro muitos livros bons, a cujos autores, sem dúvida, Deus ajudou a escrever. Mas ainda assim, os autores mais piedosos dificilmente teriam a presunção de alegar que Deus escreveu seus livros. Pois essa autoria divina é atribuída à Biblia. Deus mesmo supervisionou, dirigiu e ditou a escrita dos seus livros, tendo sob seu completo controle os autores humanos, e de tal modo a redação é de Deus. A Bílbia é a PALAVRA DE DEUS num sentido em que nenhum outro livro no mundo a pode ser.

Pode acontecer que alguma expressões bíblicas sejam “formas antigas de exprimir pensamentos”, para transmitir ideias que hoje expressaríamos de outro modo, porque foram vazada em linguagem de tempos remotos. Mas ainda assim, a Bíblia encerra em si precisamente aquilo que Deus quer que a humanidade saiba, na forma exata pela qual Ele quer que nós o conheçamos. E até ao fim dos tempos o precioso velho livro será a única resposta às indagações da humanidade na busca de Deus.

A Bíblia, composta por muitos autores, através de muitos séculos, sendo contudo, UM LIVRO só, é, em si mesma, o milagre proeminente dos séculos, que traz em relevo sua própria evidência de ser de origem sobre-humana.

TODA PESSOA deve amar a Bíblia. Toda gente deve lê-la assiduamente. Todos devem esforçar-se por viver seus ensinos. A Bíblia precisa ocupar o centro da vida e da atuação de cada igreja e de cada púlpito.

O ÚNICO MISTER DO PÚLPITO É O ENSINO SIMPLES E EXPOSITIVO DA PALAVRA DE DEUS.

(Extraído de “MANUAL BÍBLICO: um comentário abreviado da Bíblia”. Henry H. Halley. São Paulo: Vida Nova, 1994, 4 ed., pgs. 22-23)


terça-feira, 20 de março de 2012

POR UM ENSINO MAIS HUMANIZADO NA ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL


Nos dias de Jesus o sistema religioso em Israel estava mais focado nas coisas do que nas pessoas. A Instituição era mais importante do que o indivíduo, principalmente os excluídos (mendigos, pobres, leprosos, atormentados, cegos, paralíticos, etc.).

A desvalorização do ser humano podia ser percebida em algumas ações dos discípulos, visto que durante o processo formativo que vivenciavam (discipulado), manifestaram várias vezes a influência que esta visão desumanizadora, característica da sociedade em que viviam, exercia sobre os mesmos.

Em seu desespero, a mulher cananeia foi praticamente ignorada pelos discípulos, quando ao Mestre foi pedido que a despedisse, pois seu clamor e presença os incomodava (Mt 15.23).

Quando o cego Bartimeu clamou por Jesus, a atitude dos seus discípulos foi a de mandar que ele se calasse (Mc 10.48).

Nem as crianças escaparam de tamanha insensibilidade (Lc 18.15-17).

O que dizer então da parábola do bom samaritano (Lc 10.25-37), um claro retrato de uma religiosidade ritualística, mas em nada humanista, onde o cuidado com a pureza cerimonial impede o socorro ao outro, onde o “eu” santo nega ajuda ao “tu” moribundo?

A coisificação do indivíduo, ou a sua plena desvalorização, se manifesta no fazer e nos espaços educativos das mais diversas formas, inclusive, nos fazer e nos espaços educativos cristãos evangélicos.

Nos dias atuais, a Escola Bíblica Dominical reproduz um modelo educativo centrado na transmissão de saberes ou conhecimentos. O professor entende que a sua tarefa se limita a encher a cabeça dos alunos de conteúdos. Desta forma, quando os alunos manifestam certa desenvoltura com a Bíblia, e quando demonstram o domínio de algumas doutrinas, os professores depositantes do saber ficam bastante envaidecidos ao ver que seus alunos, depositários e reprodutores de suas ideias ortodoxas, evoluem substancialmente.

É necessário que haja uma tomada de consciência por parte de superintendentes, dirigentes e professores, que os faça entender que o processo educativo na Escola Bíblica Dominical deve ter como objetivo a formação integral de discípulos/discentes, que extrapola as dimensões do saber, se estendendo para as dimensões do ser (caráter), fazer (serviço) e relacionar-se (comunhão).

A ênfase numa prática educativa que supervaloriza apenas o saber chega ao ponto de levar alguns superintendentes, dirigentes e professores a adotar um sistema de provas (instrumentos avaliativos) fundamentado em notas, que não prova quase nada. Muitas destas tarefas avaliativas são elaboradas sem nenhum critério pedagógico, onde as questões objetivas ou dissertativas são meros exercícios de medição da capacidade de memorização do aluno.

Como bem coloca a educadora e Mestre em Avaliação Educacional Jussara Hoffmann (Avaliar para Promover, Editora Mediação, 2006, p. 19), a avaliação deve levar em conta o desenvolvimento do aluno e o favorecimento do processo de aprendizagem. No contexto da educação cristã a avaliação não pode promover disputas do tipo quem sabe mais ou menos. A avaliação é uma atividade contínua, que não se limita a um exercício ou prova. Tal atividade implica em observação e convivência entre professor e aluno. O progresso integral do aluno, uma vez manifesto (1 Tm 4.15), é a prova cabal do sucesso do professor, que se revela no sucesso do aluno.

Uma educação cristã humanizadora considera gente como gente. Gente carente de saber, mais também de afeto, de atenção, de correção, de restauração, de toque, de abraço, de socorro, de ajuda, de amor, de um olhar, de uma fala, de um sorriso.

Este tipo de ação pedagógica foi praticada por Jesus, que parava para dar atenção aos cegos, mendigos, paralíticos, publicanos, prostitutas, leprosos e fariseus. Os conteúdos ensinados por Jesus eram direcionados para o ser total. Suas aulas não eram apenas exposições de doutrinas e de revelações do sobrenatural (teoria), mas ações concretas e transformadoras de vidas.

A grande revolução do ensino na Escola Dominical não acontecerá com a aquisição de recursos didáticos de última geração, com a criação de classes adequadas e confortáveis, com a admissão de professores mestres e doutores em educação, com a elaboração de um currículo impecável, com a formação continuada de superintendentes, dirigentes, secretarias, coordenadoras e professores, com estratégias de marketing, com o franco apoio do pastor da igreja ou com qualquer outra iniciativa, se tais ações não forem acompanhadas e regadas por uma postura que promova a dignidade dos alunos, fazendo com que percebam que são mais do que um número na classe, um nome na caderneta e um consumidor de revista de lições bíblicas.

É preciso ensinar na Escola Bíblica Dominical considerando a humanidade do aluno, levando em conta suas complexidades e singularidades, suas potencialiades e limitações, sua sapiência e carência.

É preciso ensinar para a glória de Deus!

por ALTAIR GERMANO
fonte: http://prazerdapalavra.com.br

domingo, 18 de março de 2012

Por que alguns acham a Bíblia difícil?

Por: A. W. Tozer
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Ninguém pode negar que algumas pessoas acham a Bíblia difícil. Os testemunhos quanto às dificuldades encontradas na leitura bíblica são inúmeros e não podem ser desconsiderados levianamente.

Na experiência humana existe geralmente um complexo de motivos e não um só motivo para tudo, o mesmo acontece com as dificuldades que encontramos na Bíblia. Não se pode dar uma resposta instantânea para a pergunta: Por que a Bíblia é difícil de entender? Qualquer resposta irrefletida tem toda probabilidade de estar errada. O problema não é singular, mas plural, e por esta razão o esforço de encontrar para ele uma solução única será frustrado.

Apesar desse raciocínio, ouso dar uma resposta curta para a pergunta, e embora esta não responda a tudo, contém boa parte da solução do problema envolvido numa questão assim complexa. Acredito que achamos a Bíblia difícil porque tentamos lê-la como leríamos qualquer outro livro, mas ela não se assemelha a nenhum outro livro.

A Bíblia não é dirigida a qualquer um, sua mensagem tem como alvo alguns escolhidos. Quer esses poucos sejam escolhidos por Deus num ato soberano de eleição ou por corresponderem a determinadas qualificações, deixo para cada um decidir como possa, sabendo perfeitamente que sua decisão será determinada pelas suas crenças básicas sobre assuntos tais como predestinação, livre-arbítrio, os decretos eternos e outras doutrinas relativas. Mas o que quer que tenha tido lugar na eternidade, o que acontece no tempo fica evidente: alguns crêem e outros não; alguns são moralmente receptivos e outros não; alguns têm capacidade espiritual e outros não. São para os primeiros que a Bíblia foi escrita, os demais irão lê-la inutilmente.

Sei que alguns leitores vão apresentar objeções vigorosas neste ponto, e as razões para elas são fáceis de descobrir. O cristianismo de hoje se concentra no homem e não em Deus. O Senhor precisa aguardar com toda paciência e até mesmo respeito, sujeitando-se aos caprichos humanos. A imagem de Deus aceita pelo povo é a de um Pai aflito, esforçando-se em desespero amargurado para fazer com que as pessoas aceitem um Salvador de que elas não sentem necessidade e em quem têm pouco interesse. A fim de persuadir essas almas auto-suficientes a responderem às suas ofertas generosas, Deus fará quase tudo, usando até mesmo métodos de venda especiais e lhes falando da maneira mais íntima possível. Este ponto de vista é, naturalmente, um tipo de religião romantizada que consegue fazer do homem a estrela do espetáculo, embora usando com freqüência termos elogiosos e até mesmo embaraçosos em relação a Deus.

A idéia de que a Bíblia é dirigida a todos criou confusão dentro e fora da igreja. O esforço de aplicar os ensinamentos contidos no Sermão do Monte às nações não-regeneradas do mundo é um exemplo disto. Os tribunais e poderes militares da terra são instados a seguirem os ensinos de Cristo, algo evidentemente inviável para eles. Citar as palavras de Cristo como diretriz para policiais, juízes e militares é interpretar absolutamente errado essas palavras e revelar completa falta de compreensão dos propósitos da revelação divina. O convite gracioso de Cristo é estendido aos filhos da graça e não às nações gentias cujos símbolos são o leão, a águia, o dragão e o urso.

Deus não só dirige suas palavras de verdade aos que têm capacidade para recebê-las, como também as oculta aos demais. O pregador faz uso de histórias para esclarecer a verdade, nosso Senhor usou-as muitas vezes para ocultá-la. As parábolas de Cristo foram o exato oposto da moderna "ilustração" que serve para esclarecer; as parábolas eram "ditos obscuros" e Cristo afirmou que fazia uso delas algumas vezes a fim de que seus discípulos pudessem compreender, mas não os inimigos. (Veja Mateus 13:10-17.) Assim como a coluna de fogo iluminava Israel, mas servia para ocultá-los aos olhos dos egípcios, as palavras do Senhor brilham no coração do seu povo embora deixem o incrédulo presunçoso nas trevas da noite moral.

O poder salvador da Palavra fica reservado para aqueles a quem ele se destina. O segredo do Senhor está com aqueles que O temem. O coração impenitente não descobrirá na Bíblia senão um esqueleto de fatos sem carne, vida, ou fôlego de vida. Shakespeare pode ser apreciado sem necessidade de arrependimento; podemos entender Platão sem acreditar numa palavra que ele diz; mas a penitência e a humildade juntamente com a fé e a obediência são necessárias a fim de que as Escrituras possam ser compreendidas corretamente.

Nos assuntos naturais, a fé segue-se à evidência, sendo impossível sem ela, mas no reino do espírito, ela precede o entendimento; e não se segue a ele. O homem natural precisa saber a fim de acreditar; o homem espiritual precisa crer para vir a conhecer. A fé que salva não é uma conclusão extraída da evidência; mas uma coisa moral, uma coisa do espírito, uma infusão sobrenatural de confiança em Jesus Cristo, um perfeito dom de Deus.

A fé salvadora se baseia na Pessoa de Cristo; ela leva imediatamente a uma rendição do nosso ser total a Cristo, cujo ato é impossível ao homem natural. Crer corretamente é um milagre comparável ao da ressurreição de Lázaro sob a ordem de Cristo.

A Bíblia é um livro sobrenatural e só pode ser entendido com ajuda sobrenatural.

Fonte: http://2timoteo316.blogspot.com.br/

terça-feira, 6 de março de 2012

Características de um Bom Professor


As características do professor estão muito ligadas à sua personalidade e ao seu caráter. Estas características são também individuais e dependem da situação e da matéria. Sugerimos que você faça uma lista que contenha 5 (cinco) características de um bom e experiente professor.

Geralmente os educadores estão de acordo com respeito às qualidades necessárias. Como resultado de um seminário, professores elaboram uma lista que contém as características (importantes) de um bom professor, a saber:

1. Conhece profundamente a matéria a ser ensinada.
2. Prepara cada aula de forma específica, identificando claramente o objetivo de cada lição e aula.
3. Explica aos alunos o objetivo da lição.
4. Explica o motivo da tarefa a ser realizada.
5. Cria um ambiente agradável para o aprendizado.
6. Gosta de trabalhar com os alunos.
7. Dá instruções claras e é bem organizado.
8. Apresenta o conteúdo da matéria com modelos ou exemplos.
9. Mantém-se dentro dos limites do objetivo.
10. Exige muito dos alunos, treina-os para que sejam responsáveis quanto ao estudo.
11. Atua de maneira constante.
12. É dedicado e responsável, exige muito de si mesmo.
13. É criativo, versátil na maneira de ensinar, possui novas ideias e novos materiais.
14. É entusiasta e enérgico, porém aceita ideias dos alunos.
15. Notifica o aluno quanto ao seu aproveitamento.
16. É flexível, está sempre disposto a dar e receber (aconselhar e escutar).
17. Provê oportunidades de aprendizagem para os alunos atrasados ou avançados sem causar embaraços, isto é, adapta o ensino segundo as necessidades individuais dos alunos.
18. Estimula a sala de aula para que haja respeito mútuo e cooperação (lições e pesquisas em grupo).
19. Trata os alunos como indivíduos.
20. Respeita as opiniões dos alunos, reagindo sempre de maneira construtiva.
21. Encoraja os alunos a melhorar e ter um bom conceito de si mesmos.
22. Tem senso de humor, expressa seus sentimentos e atitudes.
23. Tem um relacionamento amigável com os alunos, mantendo a disciplina.
24. Coopera com os outros professores.
25. Veste-se de forma adequada.
26. Usa métodos de ensino comprovados.
27. Continua seu desenvolvimento profissional.
28. Conhece a vida pessoal dos alunos.
29. Importa-se em conhecer a comunidade e os recursos locais.


Várias pesquisas indicam cinco pontos essenciais que descrevem um bom professor. São eles:

1) Conhecer bem a matéria. 
2) Tratar os alunos como indivíduos e ser amigável.
3) Ser criativo, entusiasta e inovador no preparo das aulas.
4) Ser exigente e manter a disciplina.
5) Manter-se dentro dos limites do objetivo.


CARACTERÍSTICAS DOS ALUNOS DESSES PROFESSORES

1. Demonstram conhecimento da aula.
2. Têm uma atitude amigável uns para com os outros e para com o professor.
3. São responsáveis quanto ao aprendizado.
4. Respeitam o currículo e a escola.
5. Aprendem conceitos, habilidades e atitudes conforme o currículo, segundo os resultados dos testes correspondentes.
6. Demonstram um comportamento que indica uma atitude positiva para com os outros alunos e para consigo mesmos.
7. Geralmente não existe nenhum problema de comportamento em sala de aula.
8. Aprendem muito mais e melhor.