sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A Bíblia é seu mundo, pátio de recreio, celeiro, seu lar?

[C. H. Spurgeon]

Devemos entender aquilo que lemos na Palavra de Deus, sendo que de outra forma, lemos em vão, reconhecemos que quando passamos ao estudo das Escrituras Sagradas devemos esforçar-nos para ter nossa mente bem atenta. Parece-me que nem sempre estamos em boas condições para ler a Bíblia.


As vezes, seria bom fazermos uma pausa antes de abrirmos o Livro. "Tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa." Você acabou de chegar de seus negócios seculares, com seus cuidados e ansiedades, e não consegue pegar naquele Livro e imediatamente penetrar nos seus mistérios celestiais. Assim como você pede a bênção sobre sua refeição antes de começar a comer, também seria uma boa regra pedir uma bênção sobre sua leitura da Palavra antes de ingerir sua comida celestial. Ore para que o Senhor abra os seus olhos espirituais, antes de você ousar olhar para a luz eterna das Escrituras.


A leitura bíblica é a hora de nossa refeição espiritual. É só tocar a sineta e convidar todas as faculdades mentais à mesa do próprio Senhor para fartar-se com a comida que agora está pronta; ou, melhor, que soe como o toque dos sinos da igreja em convite para a adoração, porque o estudo das Sagradas Escrituras deve ser uma ação tão solene como nosso ato de adoração na casa do Senhor.


Se a leitura começar dessa forma, você perceberá imediatamente que, para compreender aquilo que lê, precisará meditar a respeito. Alguns trechos bíblicos ficam claros diante dos nossos olhos — baixos abençoados onde os cordeiros podem chapinhar; existem, no entanto, profundezas onde nossa mente poderia antes afogar-se do que nadar com prazer, se ela chegasse até lá sem cautela. Existem textos das Escrituras que foram feitos e construídos com o propósito de nos levar a pensar. Por esse meio, inclusive, nosso Pai celestial quer nos educar para o céu — fazendo-nos penetrar nos mistérios divinos com a nossa mente.

Por isso, Ele nos oferece a sua Palavra de uma forma às vezes complexa, para nos compelir a meditar sobre ela, antes de chegarmos à sua doçura. Ele poderia ter explicado tudo de tal maneira que captássemos o pensamento num só minuto, mas não foi da vontade dEle fazer assim em todos os casos. Muitos dos véus que são lançados sobre as Escrituras não têm a intenção de ocultar o significado aos leitores diligentes, mas de compelir a mente a ser ativa, pois muitas vezes a diligência do coração em procurar saber a vontade divina faz mais bem ao coração do que a própria sabedoria obtida. A meditação e o esforço mental cuidadoso servem como exercício e fortalecimento da alma, que passa a ficar em condições de receber verdades ainda mais sublimes.

Precisamos meditar. Essas uvas não produzem vinho até serem pisadas por nós. Essas azeitonas precisam ser colocadas debaixo da roda, e prensadas repetidas vezes, para que o azeite flua delas. Olhando para um punhado de nozes, percebemos quais delas já foram comidas, porque há um buraquinho onde o inseto furou a casca — só um buraquinho, e lá dentro há uma criatura vivente comendo a noz. Ora, é uma coisa maravilhosa furar a casca da letra, para então ficar por dentro comendo a própria noz. Bem que eu gostaria de ser um vermezinho assim, vivendo dentro da Palavra de Deus, alimentando-me dela, depois de ter aberto caminho através da casca e ter chegado ao mistério mais interior do evangelho bendito. A Palavra de Deus sempre é mais preciosa para o homem que mais se alimenta dela.

No ano passado, sentado debaixo de uma faia nogueira que se estendia em todas as direções, e admirando aquela árvore tão maravilhosa, pensei comigo mesmo: Não tenho nem a metade da estima por essa faia do que o esquilo tem. Vejo-o, pulando de galho em galho, e tenho certeza que ele dá muito valor àquela velha faia, porque tem seu lar em algum oco dentro dela, os galhos são o seu abrigo, e aquelas nozes de faia são o seu alimento. Ele vive da árvore. É seu mundo, seu pátio de recreio, seu celeiro, seu lar; realmente, é tudo para ele; mas para mim, não, porque obtenho meu repouso e minhas refeições em outro lugar. No caso da Palavra de Deus, é bom sermos como esquilos, habitando nela e vivendo dela. Exercitemos nossa mente, pulando de galho em galho na Palavra; achemos nela o nosso repouso e façamos dela o nosso tudo. O proveito será todo nosso, se fizermos dela nosso alimento, nosso remédio, nosso tesouro, nosso arsenal, nosso repouso, nossa delícia. Que o Espírito Santo nos leve a fazer assim, tornando a Palavra tão preciosa à nossa alma!

fonte: www.charleshaddonspurgeon.com

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Os cristãos devem celebrar o Natal?



[John MacArthur]

As Escrituras não ordenam especificamente que os crentes celebrem o Natal — não há “Dias Sagrados” prescritos que a igreja deva celebrar. De fato, o Natal não era observado como uma festividade até muito após o período bíblico. Não foi antes de meados do século V que o Natal recebeu algum reconhecimento oficial.

Nós cremos que o celebrar o Natal não é uma questão de certo ou errado, visto que Romanos 14:5-6 nos fornece a liberdade para decidir se observaremos ou não dias especiais:

Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente convicto em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz. E quem come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem não come, para o Senhor não come, e dá graças a Deus (Romanos 14: 5-6).

De acordo com esses versos, um cristão pode, legitimamente, separar qualquer dia — incluindo o Natal — como um dia para o Senhor. Cremos que o Natal proporciona aos crentes uma grande oportunidade para exaltar Jesus Cristo.

Primeiro, a temporada de Natal nos lembra das grandes verdades da Encarnação. Recordar as verdades importantes sobre Cristo e o evangelho é um tema prevalecente no Novo Testamento (1 Coríntios 11:25; 2 Pedro 1:12-15; 2 Tessalonicenses 2:5). A verdade necessita de repetição, pois nós facilmente a esquecemos. Assim, devemos celebrar o Natal para recordar o nascimento de Cristo e nos maravilhar ante o mistério da Encarnação.

O Natal também pode ser um tempo para adoração reverente. Os pastores glorificaram e louvaram a Deus pelo nascimento de Jesus, o Messias. Eles se regozijaram quando os anjos proclamaram que em Belém havia nascido um Salvador, Cristo o Senhor (Lucas 2:11). O bebê deitado na manjedoura naquele dia é nosso Senhor, o “Senhor dos senhores e Rei dos reis” (Mateus 1:21; Apocalipse 17:14).

Finalmente, as pessoas tendem a serem mais abertas ao evangelho durante as festividades de Natal. Devemos aproveitar desta abertura para testemunhar a eles da graça salvadora de Deus, através de Jesus Cristo. O Natal é principalmente sobre o Messias prometido, que veio para salvar Seu povo dos seus pecados (Mateus 1:21). A festividade nos fornece uma maravilhosa oportunidade para compartilhar esta verdade.

Embora nossa sociedade tenha deturpado a mensagem do Natal através do consumismo, dos mitos e das tradições vazias, não devemos deixar que estas coisas nos atrapalhem de apreciar o real significado do Natal. Aproveitemo-nos desta oportunidade para lembrar dEle, adorá-Lo e fielmente testemunhar dEle.

Fonte: monergismo.com

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Um cordel sobre o Natal

O nascimento de Jesus narrado em cordel. Vale a pena conferir. "Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens." (Lucas 2.14)


Créditos: Igreja Batista Central de Fortaleza

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

O que acontece com as pessoas que nunca ouviram o evangelho?

[David Platt]

O que acontece com as pessoas que nunca ouviram o evangelho? Elas serão condenadas ao inferno? Mas isso é justo? E se elas fizeram o melhor com o que tinham? E se fosse uma boa pessoa?

Neste vídeo, David Platt responde a essas perguntas com base em Romanos de 1 a 3. Esse texto da Escritura é o melhor texto a tratar desse assunto.



Créditos: voltemosaoevangelho.com

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

As quatro mulheres da genealogia de Jesus




Uma das características distintivas da genealogia Jesus, escrita por Mateus, é a inclusão específica de quatro mulheres – Tamar, Raabe, Rute e Bate-Seba, mulher de Urias. A pergunta crítica é: Por quê?

A cultura hebraica era patriarcal, e as genealogias normalmente relacionavam somente os homens. No entanto, havia duas razões básicas no oriente para incluir uma mulher ou duas: 1) a mulher era muito admirada, e sua inclusão ressaltava a reputação da família; 2) o marido tinha mais de uma esposa e, neste caso, o nome da mulher é basicamente mencionado com o nome do seu filho. Este costume é frequentemente seguido no Antigo Testamento quando se mencionam os reis de Israel e de Judá.

No entanto, não podemos apelar a nenhum destes costumes para explicar porque Mateus incluiu as quatro mulheres que ele decidiu mencionar. Elas não eram admiradas. Tampouco existe qualquer confusão no Antigo Testamento a respeito de quem eram seus filhos. Assim, somos levados a procurar alguma outra razão para o fato de Mateus mencionar estas quatro mulheres em particular.

A elucidação depende do que sabemos sobre elas. Tamar, uma mulher de Canaã, seduziu o sogro que lhe tinha prejudicado, e deu a ele dois filhos (Gn 38). Raabe, também de Canaã, ganhava a vida como uma prostituta antes de dedicar a sua lealdade ao Senhor e ajudar os espias israelitas a escapar de Jericó (Js 2.6). Rute, embora pura moralmente, era moabita, raça cuja origem deu-se a partir de um incesto (Gn 19:30-37) e que, de acordo com Deuteronômio 23.3, tinha a entrada proibida na congregação do Senhor. Bate-Seba é mais conhecida pelo seu adultério (forçado?) com Davi. Embora nascida em uma família judia (1Cr 3.5), ela pode ter sido classificada coo uma heteia devido ao seu casamento com o heteu Urias (2Sm 11.3; 23.39).

As quatro mulheres parecem ter duas coisas em comum. Elas eram moralmente corrompidas e estavam excluídas da comunidade da aliança do Antigo Testamento, não tendo nenhum direito nativo de reivindicar uma vida com Deus, nem de esperar que Ele lidasse com elas em Sua graça. Então, o que levou Mateus a incluir estas quatro mulheres na linhagem de Jesus, o Messias?

Umas das possibilidades é que, como coletor de impostos, encarado com desprezo por seus vizinhos, Mateus sabia o que significava ser um pecador e depois um redimido. Mateus identificava-se com estas quatro mulheres e as inclui como exemplos do poder transformador de Deus, que agora enviou o Messias para “salvar o seu povo dos seus pecados” (1.21).

Uma outra possibilidade é que Mateus poderia estar pensando na universalidade da missão de Jesus. O concerto de Deus com Abraão incluía a promessa: “Em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3). As quatro mulheres demonstram o compromisso definitivo no convite do evangelho cristão para que todos creiam em Jesus e sejam salvos.

Uma terceira possibilidade é que Mateus esteja sutilmente lembrando os seus leitores, que procuravam por um Messias que apareceria em glória e poder, que a história mostra que Deus trabalha de maneiras estranhas e misteriosas. Não podemos dizer como Deus agirá, ou como deve agir. Tudo o que podemos fazer é reconhecer a sua criação e adorá-lo.

Não existe razão para descartar nenhuma das interpretações acima. Na verdade, elas se combinam de uma maneira maravilhosa. Nosso Deus é o Deus do inesperado. Ele permanece preocupado com aqueles “excluídos”, tanto quanto com você e eu. Como cada uma das quatro mulheres exemplificam, Deus alcança o pecador com graça e, por seu poder transformador, purifica pecadores e os torna membros vitais e contribuintes da comunidade de fé.

Fonte:  RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2008. 3ª ed.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

6 razões práticas para estudar Escatologia


[por David Murray]

1. Escatologia nos ajuda a ensinar na Igreja.

A Igreja precisa ser ensinada sobre esse assunto, não apenas porque a negligência produz um vácuo perigoso, mas também porque a escatologia é o ponto crucial e a coroa da teologia sistemática. Como Kuyper disse, ela lança luz sobre todas as doutrinas e responde questões que qualquer outro assunto teológico levanta. Louis Berkhof escreveu:
 Na teologia [própria] a questão é sobre como Deus é final e perfeitamente glorificado na obra das Suas mãos, e como o conselho de Deus se realiza plenamente; na antropologia, há a questão sobre como a perturbadora influência do pecado é dominada completamente; na cristologia, é a questão sobre como a obra de Cristo é coroada com a vitória perfeita; na soteriologia, há a questão sobre como a obra do Espírito Santo por fim resulta na completa redenção e glorificação do povo de Deus; e na eclesiologia, a questão da apoteose final da igreja. (Teologia Sistemática, p. 661)


 2. Escatologia nos ajuda a adorar a Deus.

Adoração deveria ser o fim de toda a teologia, especialmente da escatologia. Quando pensamos na ressurreição, na derrota de Satanás, no julgamento final e perfeito, no novo céu e nova terra, e na união eterna entre Cristo e sua Igreja, nós certamente não podemos deixar de amplificar nossa adoração à Deus. Se nossa escatologia não resulta em uma maior adoração à Deus, ou nós estamos errados ou estamos nos aproximando da verdade no espírito errado.

3. Escatologia nos ajuda a servir com zelo.

O fato de que o fim está próximo não deveria nos tornar servos passivos aguardando o inevitável, nem sermos induzidos a uma inércia fatalista. Em vez disso, o Novo Testamento relaciona o fim iminente de todas as coisas ao serviço zeloso. Quando consideramos nossa grande esperança, a bem-aventurança eterna do céu, e a grande necessidade de nossos amigos pecadores, devemos ser motivados com maior paixão pelas almas dos perdidos e pela glória de Deus.

4. Escatologia nos ajuda a ter esperança em meio aos problemas.

Às vezes, igrejas e cristãos enfrentam provações das quais eles não serão agraciados enquanto estão aqui na terra. Em meio a doenças, dores e injustiças é vital ter uma esperança viva de vida na ressurreição. Somente isso servirá para nutrir a perseverança fiel até o fim.

5. Escatologia nos ajuda a estar preparados para o julgamento.

Uma das razões por que poucos estão prontos para o julgamento é que a maioria não sabe que haverá um julgamento. Além de estarmos preparados, escatologia deve nos motivar a ajudar os outros a se prepararem também. Enquanto a obsessão pelas últimas coisas é perigosa, a omissão é ainda mais.

6. Escatologia nos ajuda a olhar para a frente: o céu

Infelizmente, mesmo para os cristãos, a preocupação com o mundo presente sufoca o interesse no mundo por vir. Escatologia mantém estas verdades vitais e finais à nossa frente e nos encoraja a olhar além deste mundo: para o céu na vida eterna com Cristo e o Seu povo.
Traduzido por André Carvalho 
Fonte:  iPródigo.com