quarta-feira, 24 de abril de 2013

11 maneiras de ajudar você a ler Levítico

por David Schrock

Sobre o que a Bíblia fala?
Bem, se você está lendo a Bíblia durante o ano, no mês de fevereiro a Bíblia fala de leis alimentares, inspeções de leprosos, e instruções sobre emissões corporais. Assunto empolgante!
Para os leitores do século XXI, entender o significado de Levítico, o livro da Bíblia onde essas coisas são encontradas, pode ser difícil. De fato, tenho certeza que o livro de Levítico tem sido uma costa rochosa em que muitos planos de leitura da Bíblia têm naufragado. Ainda assim, o livro tem um papel importante na vida dos cristãos, assim como teve um papel importante na vida dos israelitas antigos. Certamente vivemos numa era redentiva diferente (pós- Encarnação/Crucificação/Ressurreição/Ascensão/ Pentecostes), mas a verdade é: entender um desses eventos do Novo Testamento requer uma familiaridade geral com as leis levíticas.
Portanto, com o objetivo de ler melhor a Bíblia, quero sugerir 10 coisas para você ter em mente enquanto lê Levítico, 10 coisas que você pode achar úteis enquanto caminha pela Bíblia em 2010.
  1. Ore. Peça a Deus que ajude você a entender sua Palavra. O mesmo Espírito Santo que habita em você, se você é um crente, inspirou essas palavras. Ele te guiará em toda verdade, como a Bíblia promete (João 16.13; 1 João 2.27). Ele ilumina nossos olhos, leva o testemunho de Cristo, e te mostrará como Levítico aponta para Jesus, se assim você o pedir (e então ler).
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  2. Lembre que esta é a Palavra de Deus. 2 Timóteo 3.16,17 nos diz que toda Escritura é inspirada por Deus e proveitosa. A verdade sobre Levítico é: É PROVEITOSO. Você só precisa saber como. Enquanto é verdade que nem todas as seções da Bíblia tenham o mesmo tipo de “impacto devocional” – compare Levítico 1-7 com Isaías 53 – toda palavra é inspirada por Deus e necessária para completar sua perfeita revelação. Além disso, toda palavra carrega uma verdade preciosa que os crentes necessitam, o que nos leva ao próximo ponto.
  3. Recorde-se de que toda Escritura é interconectada. Portanto, uma passagem como Isaías 53, com seu tratamento do pecado, suas figuras sacrificiais e oração intercessória requer o pano de fundo que Levítico providencia. Sem Levítico, Isaías 53 é quase ininteligível. No Novo Testamento, Levítico é o sexto dos livros citados pelos autores do NT. Remova Levítico da Bíblia, ou de sua leitura bíblica, e é impossível entender o que Jesus está dizendo sobre o Grande Mandamento incluir amar ao próximo como a si mesmo (Lv 19.18). Veja também o uso em Rm 10.5 de Lv 18.5, e a citação em 1 Pedro 1.16 de Levítico 19.2. De uma maneira prática, se a leitura de Levítico falha em animar sua alma, leia um capítulo ou dois, e então volte a Hebreus para ver o cumprimento de Levítico em Cristo.
  4. Reconheça o simbolismo. O livro de Levítico está cheio de simbolismo. As instruções veterotestamentárias de Deus são meios físicos, tangíveis e visíveis de Deus se apresentar ao seu povo. Esses sacrifícios retratam o tipo de penalidade que o pecado requer, assim como demonstram o tipo de amor que Deus tem, ao providenciar os meios de expiação e reconciliação. Em outras palavras, leia Levítico tipologicamente, procurando pelos tipos que encontram seu antítipo (isto é, cumprimento) em Jesus.
  5. Leia com Cristo em vista. Muitos, talvez a maioria, desses símbolos prefiguram a vida e a morte de Jesus Cristo. Portanto, a lei que Cristo cumpre, a cruz onde Jesus sangra, e o Espírito que ele derrama no Pentecostes encontram uma explicação significante em Levítico. Se você quer saber mais sobre o Evangelho, as leis de Levítico são bons instrutores.
  6. Procure por temas. Existem temas tremendos do Evangelho percorrendo Levítico. Pegue um lápis ou um marca-texto (se você gosta disso) e marque os lugares onde esses temas surgem. Procure por coisas como “expiação”, “sangue”, “santidade”, a função do “sacerdote”. Manter seus olhos abertos (figurativamente) procurando por temas, te ajudará a manter seus olhos abertos (literalmente) quando você lê esse livro pouco familiar.
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  7. Procure por declarações de propósito. Por exemplo, Levítico 15.31 conclui uma longa seção sobre leis de pureza dizendo: “Mantenham os israelitas separados das coisas que os tornam impuros, para que não morram por contaminar com sua impureza o meu tabernáculo, que está entre eles”. Aqui Moisés registrar a razão de YHWH para as meticulosas leis sobre emissões corporais e outros assuntos de pureza. Ao notar essas declarações de propósito, você pode discernir por que Deus requer que Israel faça todas essas coisas. (Veja também Levítico 9.6,22-24; 11.46,47).
  8. Leia com imaginação. Enquanto você lê sobre sacrifícios, imagine como isto deve ter se parecido, soado, cheirado. Nossos cultos de adoração são muito, muito higiênicos. Mesmo a comida que comemos na Ceia do Senhor está empacotada de forma que não sujemos os carpetes ou nossas roupas. Isso é inteiramente diferente do AT. No AT, sem manchas de sangue, as pessoas teriam perecido. Portanto, leia com imaginação quando você se depara com essas elaboradas descrições.
  9. Leia com outros. Fale sobre o que você está lendo com outros em sua igreja. Peça ao seu pastor ou ao professor da Escola Dominical para ensinar por toda a Bíblia. Procure maneiras de percorrer a Bíblia junto com outros. Ler a Bíblia é pessoal, mas nunca deveria ser algo privado. Recrute outros para ler com você.
  10. Invista numa Bíblia de Estudo. Quando você ler Levítico ou algum outro livro da Bíbla, inevitavelmente você terá perguntas. Ou pelo menos, deveria. A lepra descrita em Levítico é a mesma de hoje? (Não). Porque é sempre um animal macho que é sacrificado? Minha sugestão é a Bíblia de Estudo ESV¹. É o que leio, e tem sido de muita, muita ajuda para discernir o significado histórico e cultural do que estou lendo.
  11. Leia em doses pequenas e com outros livros da Bíblia. Ok, eu disse dez, mas tem mais uma. Nossa lista inclui uma ideia extra para aqueles que ainda perseveram. Se tudo mais falhar, leia Levítico em doses pequenas, mesmo em doses menores que seu plano de leitura sugere. Se levar 13 meses para ler a Bíblia, tudo bem. O importante é que você foi enriquecido pela Palavra doadora de vida. Mesmo que você tenha que tratar Levítico como comer vegetais – misturando com outras comidas ou em porções pequenas – o importante é que você receberá a Deus, por sua Palavra, e ganhará os benefícios deste livro, pois, no fim do dia, isto ajudará você a conhecer e a amar Jesus Cristo mais ainda – pelo Sumo Sacerdote que ele é e pelo sacrifício que ele fez.
Essas são apenas umas poucas sugestões para ajudar sua leitura desse importante livro. Espero que você veja que o Evangelho de Cristo depende de nosso entendimento da santidade de Deus, da pecaminosidade humana, da necessidade de sacrifício e expiação, da obra do Sumo Sacerdote doador da vida; e que nenhum livro é melhor para ensinar-lhe essas coisas que Levítico.
Soli Deo Gloria.
Fonte: http://iprodigo.com

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Segue os verdadeiros


Mas você tem seguido de perto o meu ensino, a minha conduta, o meu propósito, a minha fé, a minha paciência, o meu amor, a minha perseverança, as perseguições e os sofrimentos que enfrentei, coisas que me aconteceram em Antioquia, Icônio e Listra. Quanta perseguição suportei! Mas, de todas essas coisas o Senhor me livrou! De fato, todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos.”   (2 Timóteo 3:10-12, NVI)


Paulo deixa de lado os falsos líderes e lembra a Timóteo que ele (Paulo) foi um servo fiel de Deus. Nestes dias difíceis, é importante seguir os líderes espirituais certos. Quais são suas características?

Sua vida é aberta para todos (v.10a). Paulo não tinha coisa alguma a esconder. Como o mestre, poderia afirmar “Nada disse em oculto” (Jo 18.20). “Quanto à minha vida, desde a mocidade […] todos os judeus a conhecem”, disse Paulo a Agripa (At 26:4). Timóteo havia vivido e trabalhado com Paulo e o conhecia bem. O apóstolo não se escondera por trás de declarações extravagantes e de propaganda religiosa.
Ensinam a verdadeira doutrina (v.10b). “O meu ensino”, nesse caso, se refere à fé verdadeira de Paulo, o evangelho de Jesus Cristo. Por mais carismático que um pregador seja, se ele não pregar a verdade da Palavra de Deus, não merece nosso apoio. Hoje em dia, vemos nos programas e rádio e de televisão um bocado de “pseudocristianismo”, que mistura psicologia, motivação para o sucesso, culto a esta ou àquela celebridade e um pouco de Bíblia para dar uma aparência religiosa. Cuidado!
Praticam o que pregam (v.10c). O “procedimento” (modo de vida) de Paulo corroborava sua mensagem. Não pregava o sacrifício, enquanto vivia no meio do luxo. Dava aos outros muito mais do que havia recebido deles. Defendia a verdade, mesmo que isso significasse perder amigos e, no fim, perder até a própria vida. Paulo era um servo, não uma celebridade.
Seu propósito é glorificar a Deus (v.10d). Nunca houve dúvidas quanto ao “propósito” de Paulo no ministério: ele desejava fazer a vontade de Deus e concluir a obra da qual Deus o havia incumbido (At 20:24; Fp 1:21). O apóstolo Paulo era um homem de “fé” que confiava que Deus supriria suas necessidades. Era um homem “longânimo” que suportava com paciência os ataques das pessoas. Era um homem de “amor” que se dedicava de bom grado a servir os outros. O termo “perseverança”, no final de 2 Timóteo 3.10, significa “capacidade de permanecer firme e constante, mesmo em meio às dificuldades”.
Estão dispostos a sofrer (vv.11,12). Paulo não pediu que outros sofressem por ele; ele sofreu por outros. O fato de ter sido perseguido de cidade em cidade era prova de que levava uma vida piedosa. Hoje em dia, há quem acredite que piedade significa escapar das perseguições, quando, na verdade, é justamente o contrário.
Fico imaginando como Paulo se sairia se fosse avaliado pelos conceitos atuais de liderança cristã. É provável que fosse reprovado. Será que o aceitariam, se ele se candidatasse a trabalhar em uma organização missionária moderna? Havia sido preso; tinha problemas de saúde e criava problemas em quase todos os lugares por onde passava. Era pobre e não se preocupava em agradar aos ricos. No entanto, foi usado por Deus, e, até hoje, somos abençoados porque Paulo foi fiel.

Fonte: WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. Santo André: Geográfica, 2007. 


Universidade de Deus para os anjos


"Para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus  seja conhecida dos principados e  potestades nos céus"
 (Efésios 3:10)

Em Efésios ( 3.10) lemos que um dos propósitos do ministério de Paulo era que “pela igreja a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida agora dos principados e potestades nos lugares celestiais”. A palavra grega aqui traduzida como “pela” é uma preposição que fala de agência intermediária. É por intermédio da agência da Igreja que os anjos santos estão aprendendo a multiforme sabedoria de Deus. Os anjos foram criados antes deste universo haver sido trazido à existência por meio do ato criativo de Deus, pois exclamaram de alegria ao contemplarem a beleza da criação original (Jó 38:7). O universo é muito antigo, com milhões de anos, conforme é demonstrado pela ciência da astronomia. Os anjos tem estado a contemplar a majestade e a glória de da Deidade durante todos esses milênios e, no entanto, ainda não haviam aprendido certas coisas referentes ao seu próprio Criador, as quais só a Igreja lhes podia ensinar. Pedro, em sua primeira epístola (1.12), nos informa quais são essas coisas que os anjos desejam apaixonadamente perscrutar. Os anjos nunca tiveram uma concepção do amor, da graça, da humildade e do auto-sacrifício de Deus, até que puderam contemplar essas coisas na Igreja. Ali vêem o Calvário, onde o Criador morreu, o Justo em lugar dos injustos. Ali vêem a encarnação, onde o Criador se revestiu da forma e das limitações de um ser criado. Ali vêem o poder de Deus, que pode transformar um pecaminoso ser humano na imagem do querido filho de Deus, manifestação essa de poder muito maior do que a que operou durante a criação do universo. Deus fez aparecer um universo inteiro mediante uma simples palavra proferida. No entanto, foi preciso o Calvário para tornar possível a Igreja. Dessa maneira, a igreja provê um curso universitário para os anjos. Como eles nos observam! Como ficam admirados conosco! Sendo nós serem inferiores aos anjos, na escala da criação, em Cristo somos exaltados a uma posição superior à dos anjos, passando a fazer parte da própria família de Deus.
A tradução mais plena pode ser como segue: “A fim de que a variegada sabedoria de Deus pudesse ser conhecida dos principados e autoridades nos lugares celestiais, por meio da agência intermediária da Igreja”.


Fonte: WUEST, Kenneth S. Jóias do Novo Testamento Grego. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1986, 3ª impressão. 118 p.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

O caráter do pastor - ele deve ser o modelo de vida para as pessoas


[Richard Baxter]

O exemplo e o modelo de vida do pastor são maneiras mais efetivas de convencer e ganhar o coração das pessoas. O pastor, deverá, na vida comum e no ministério, demonstrar capacidade, sinceridade e amor. Tomando-o por ignorante, as pessoas desprezarão seu ensino, pois se considerarão mais sábios do que ele; se o acharem egoísta ou hipócrita, que não vive segundo o que prega, suspeitarão de seus motivos e se negarão a confiar na orientação proposta. Se, porém, estiverem convencidos de que ele entende daquilo que faz e perceberem sua capacidade de atuação, as pessoas respeitarão o pastor, serão receptivas à sua pregação e aconselhamento. Quando estiverem convencidas acerca do caráter cristão de seu pastor, não mais suspeitarão de suas intenções nem dos seus atos. Saberão que ele não visa os próprios interesses, mas os interesses de Cristo e o benefício da igreja. Somente um caráter submisso a Deus poderá convencer outros à mesma submissão.
Dado que aqueles a quem eu escrevo são os que reconhecem as próprias necessidades e sabem que precisam de capacitação, eu lhes digo: preparem-se melhor. O que nos falta em termos de habilidade nós ganharemos em qualificação, exercitando nossos dons e observando o trabalho de obreiros aprovados.
Se os pastores tivessem tanto interesse no seu povo quanto se esforçam para promover a si mesmos, se quisessem tanto obter o afeto e a adesão de seu povo quanto se limitam em seus próprios afetos, se fossem mais condescendentes, amáveis, afetuosos e amigáveis, prudentes na postura e na atitude, se abundassem em boas obras – certamente poderiam provocar e receber reações positivas de parte do seu povo. Não deveríamos ter interesse nas pessoas, motivadas pelo interesse que viessem a ter em nós. Antes deveríamos promover o interesse de Cristo, de desenvolver e proclamar a salvação do povo. Não fosse por Cristo e sua obra, não seria significante se nos amassem ou odiassem. Entretanto, em Cristo, a comunhão é importante. E quem liderará bem um exército que odeia o próprio comandante? Como sequer pensar que as pessoas atenderão aos conselhos daqueles a quem não amam e desprezam. Esforcem-se, portanto, para obter um interesse adequado na estima e no afeto do seu povo, e você terá melhor chance de que ele o atenda.
Alguém poderá perguntar: “O que um pastor deve fazer, se perdeu o afeto de seu povo?”, ou, “O que fazer, se for um povo tão vil que odeie seus pastores apenas por desejarem cumprir seu dever e papel?” A resposta será: o pastor deverá perseverar, com assertividade e bondade, “disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, mas também o retorno à sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele para cumprirem a sua vontade” (2 Tm 2:25-26). Entretanto, se o desagrado da Igreja se dever a fraquezas do pastor, a diferença menores de opinião, o pastor deverá, primeiro, procurar sanar os problemas e remover o preconceito por todos os meios legítimos. Caso não consiga, poderá dizer: “Não trabalho para mim mesmo nem em meu próprio favor, mas para Cristo, em benefício da Igreja. Assim, uma vez que os irmãos não querem, por minha causa, obedecer à Palavra, permitamos que outro pastor lhe promova o bem”. Deixará que experimentem outro líder para ver se os agrada. Quanto a tal pastor, poderá buscar outra congregação fiel e idônea para receber e passar a instrução e a orientação. Um homem sábio não suportará permanecer numa Igreja contra a vontade dos seus membros ou liderança. Da mesma forma, um homem sincero não conseguirá, em benefício próprio, permanecer num lugar onde seu trabalho não terá proveito, impedindo o bem que outro poderia realizar. Por mais estima e vantagens que tenha, pensará no interesse de Cristo.

Fonte: BAXTER, Richard. Manual Pastoral de Discipulado. São Paulo: Cultura Cristã, 2008. 220 p.

domingo, 14 de abril de 2013

Ensina a criança no caminho em que deve andar


"E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te." (Dt 6:6-7)




Uma das contribuições dos judeus para a Igreja neotestamentária é a prática de ENSINAR as Escrituras aos seus filhos desde a infância. No Judaísmo primitivo, a educação era um produto do lar, envolvendo o aprendizado da religião, da ética e da profissão associada às atividades agrícolas e pastoris. Os educadores do Antigo Testamento eram chamados “sábios” (Pv 13.14; 15.7), e os alunos eram chamados de filhos (1Cr 25.8; Pv 2.1). O processo educacional fluía mediante o exercício de uma pedagogia “de pai para filho” e a educação desenvolvia-se muito mais através do exemplo do que pela transmissão de conhecimentos. O mestre era aquele que ensinava com a sua própria vida. No Antigo Testamento, as crianças deveriam conhecer os símbolos religiosos de Israel e seus significados. O texto bíblico diz o seguinte: “Quando vossos filhos vos perguntarem: que rito é este? Respondereis: É o sacrifício da páscoa ao Senhor, quando feriu os egípcios e livros as nossas casas...” (Ex 12.26,27). Quantas vezes fossem questionados, os progenitores deveriam recontar a história com detalhes a fim de que seus filhos pudessem aprendê-la. Israel orientava os seus filhos através de uma “didática retrogressiva”, ou seja, ensinava-os a olhar para o seu passado, para a sua memória, para a sua história de sucessos e fracassos, de maneira que estes pudessem focalizar o seu futuro dentro de uma perspectiva de acerto.
No Novo Testamento, o ideal educacional de formar o caráter não é muito diferente do ideal educacional do Antigo Testamento. O apóstolo Paulo preocupou-se com a educação infantil como nenhum outro, deixando nas Escrituras a seguinte orientação para a educação de filhos: “[...] criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor” (Ef 6.4). Quando se dirige a Timóteo, ressalta o seu conhecimento das sagradas letras desde a infância, as quais haviam sido transmitidas “pela sua vó Loide e sua mãe Eunice” (2Tm 3.15; 1.5). Timóteo foi um resultado do exemplo apresentado pelos seus progenitores, pastores, conselheiros e mestres. Os textos deixam bem claro que a influência da avó e da mãe foi decisiva na sua educação. A criança olha para o adulto como um modelo, um exemplo de vida. É na observação dos pais, responsáveis, adultos, professores e mentores que a criança tem o seu caráter cristão construído. Analisando a participação dos pais e professores na educação infantil, Daniel Goleman chegou à seguinte conclusão “Parece-me que a infância – um período crucial para a formação do adulto – neste mundo em que estamos vivendo, deva merecer uma atenção maior de parte daqueles que são os principais responsáveis pelas crianças: pais e professores1. E isso concorda com o que já dizia Salomão: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho, não se desviará dele” (Pv 22.6).

1GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional. 40ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995.


Fonte: CONCEIÇÃO, Eurípes da. Ensinando através do caráter. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.


segunda-feira, 8 de abril de 2013

Qual a diferença entre a vontade decretiva e preceptiva de Deus?

"As coisas encobertas pertencem ao SENHOR nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei." (Deuteronômio 29:29; ACF)


Você sabe qual a diferença entre a vontade oculta (decretiva) e revelada (preceptiva) de Deus? Você sequer sabia que tinha essa diferença?



quarta-feira, 3 de abril de 2013

Alimenta_ação em Cristo: o sentido pascal da Missão da Igreja



A Páscoa é o momento da Igreja repensar sua missão e sua vocação. A última ceia, a que Cristo celebrou, tinha esse sentido do que foi vivido pelo povo de Deus, do que estava sendo vivido por ele e do que seria anunciado com sua ressurreição. A mesa foi o lugar da palavra de reflexão, do olhar, da celebração, da contrição, da partilha e do novo sentido da Missão da Igreja.

É fascinante pensar na imagem de Cristo, o messias, relacionada com a alimentação e a ação junto à mesa, lugar da comunhão e do serviço. O servir o vinho e o partir do pão alimentam os sentidos e os significados da vida em Cristo. Dá razão, especifica seu projeto e resume o desenho da Missio Dei. A possibilidade de participação real no ato do comer o Pão e beber do vinho é o sentido de uma efetiva partilha do significado de comunhão e serviço. Quem sabe poderia inspirar a Igreja contemporânea?

Os elementos representam sua própria vida que foi partida e compartilhada junto aos que mais sofriam, junto aos excluídos da sociedade e da religião, junto aos pobres, junto aos doentes, junto aos famintos e junto aos que de longe e de perto queriam apenas estar junto com Jesus Cristo.

Viver o dia a dia de forma relacional é um convite Pascal! Sabemos que isso é ir contra uma tendência atual, a de gastar mais tempo com pessoas do que com próprios projetos pessoais ou com desejos egoístas.

A pergunta que de certa forma me angustia na Páscoa não é necessariamente uma questão teológica e sim a questão da vivência dessa Missão Pascal. Qual é o valor das relações humanas na produção de nossa alimentação? Parece não fazer nenhum sentido para essa Igreja discutir a problemática da Alimentação contemporânea.

Por que a Igreja de Cristo não se preocupa com as problemáticas relacionadas às relações de trabalho no campo produtor de nossos alimentos? Talvez porque pensamos nesse alimento desconectado de sua forma de produção? Talvez porque o alimento e a alimentação sejam apenas parte dos artigos de consumo que com o dinheiro ganho com o meu tempo de trabalho eu posso adquirir de uma prateleira de um hipermercado? Ou talvez por acreditar que a alimentação nada tem a ver com a minha fé ou com as relações humanas tão caras ao Cristo Pascal.

Gostaria de ver a Igreja de Cristo dialogando com os pequenos agricultores que produzem nossa comida de todos os dias e também gostaria que essa Igreja gastasse seu tempo conhecendo os agricultores e agricultoras, para entender quais são as problemáticas existentes entre o valor da vida humana e os valores do capital sobre a produção de alimentos relacionados ao Agronegócio?

Gostaria de fazer um convite à Igreja de Cristo a gastar um tempo para se aproximar de quem faz o pão e produz o vinho de nossa celebração pascal. Certamente Jesus nos dias atuais estaria andando não só com pescadores, mas também com os pequenos agricultores, com os indígenas, com os quilombolas e com aqueles mais injustiçados pelo atual sistema opressor.

Ao olhar para o pão, que possamos repensar os processos do cultivo do trigo, da dependência tecnológica para sua produção. Que possamos nos envolver com as questões relacionadas à saúde dos trabalhadores do campo e o risco do uso abusivo de Agrotóxicos, com as baixas condições de trabalho e saúde no campo. Será que isso preocupa a Igreja de Cristo?

Gosto da ideia de pensar em uma Igreja que se preocupa com a sustentabilidade da produção do trigo e da produção da uva e com as suas relações humanas e não-humanas envolvidas com quem os produz e os transforma hoje em Pão e Vinho. A Páscoa também é um convite à transformação da velha matéria-prima para uma nova matéria mais humana e justa.

Assim a renovação do nosso olhar para o Pão e para o Vinho possuirá a perspectiva da Justiça de um Reino de amor que poderá reorientar a Igreja para uma relação humana presente na mesa que alimenta o corpo e nossa ação na sociedade e no meio ambiente.

Por Daniela Sanches Frozi 
Fonte: http://www.novosdialogos.com

segunda-feira, 1 de abril de 2013

A Trindade – uma oração puritana



TRÊS EM UM, UM EM TRÊS, DEUS DA MINHA SALVAÇÃO
Pai celestial, Filho bendito, Espírito eternal,
eu te adoro como único Ser, única Essência,
único Deus em três pessoas distintas,
por trazeres pecadores ao teu conhecimento e reino.
Ó Pai, tu me amaste e enviaste Jesus para me redimir;
Ó Jesus, tu me amaste e assumiste a minha natureza,
derramaste teu sangue para lavar meus pecados,
consumaste justiça para cobrir a minha iniquidade;
Ó Santo Espírito, tu me amaste e entraste em meu coração,
lá implantaste vida eterna,
revelaste-me as glórias de Jesus.
Três pessoas e um só Deus, bendigo-te e louvo-te,
por amor tão imerecido, tão indizível, tão maravilhoso,
tão poderoso para salvar os perdidos e elevá-los à glória.
Ó Pai, rendo-te graças, pois em plenitude de graça
Tu me deste a Jesus,
para ser dele ovelha, jóia, porção;
Ó Jesus, rendo-te graças, pois em plenitude de graça
Tu me aceitaste, me esposaste, prendeste-me a ti;
Ó Santo Espírito, rendo-te graças, pois em plenitude de graça
apresentaste-me Jesus por minha salvação,
implantaste a fé dentro de mim,
subjugaste meu coração contumaz,
fizeste-me um com Ele para sempre.
Ó Pai, tue estás entronizado para ouvir as minhas orações,
Ó Jesus, tuas mãos estão estendidas para recebir as minhas petições,
Ó Espírito Santo, tu estás pronto a me socorrer em minhas fraquezas,
a mostrar a minha necessidade,
a me suprir de palavras, a orar dentro de mim,
a me fortalecer de sorte que eu não desanime de suplicar.
Ó trino Deus que comandas o universo,
tu me ordenaste pedir por essas coisas
concernentes ao teu reino e à minha alma.
Faz-me viver e orar como alguém batizado em teu tríplice Nome.

FERREIRA, Franklin; MYATT, Alan. Teologia Sistemática: uma análise histórica, bíblica e apologética para o contexto atual. São Paulo: Vida Nova, 2007.