quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Ao Deus eterno...

[Santo Agostinho]

“Deus, criador de todas as coisas, concedei-me primeiramente que eu faça uma boa oração; em seguida, que me torne digno de ser ouvido por ti; por fim, que me atendas. […] Deus, Pai da verdade, Pai da sabedoria, Pai da verdadeira e suprema vida, Pai da felicidade, Pai do que é bom e belo, Pai da luz inteligível, Pai de nosso desvelo e iluminação, Pai da garantia pelo qual somos aconselhados a retornar a ti. Eu te invoco, Deus Verdade, em quem, por quem e mediante quem é verdadeiro tudo o que é verdadeiro. Deus Sabedoria, em quem, por quem e mediante quem têm sabedoria todos os que sabem. […] Deus, cuno reino é o mundo inteiro, a quem o sentido não percebe. […] Deus, de que, separar-se significa cair, a quem retornar significa levantar-se, em quem permanecer significa ser firme. Deus, de quem afastar-se é morrer, ao qual voltar é reviver, em quem habitar é viver. Deus, a quem ninguém deixa senão enganado, a quem ninguém busca senão estimulado a isso, a quem ninguém encontra senão purificado. Deus, a quem abandonar é o mesmo que perecer, a quem acatar é o mesmo que amar, a quem ver é o mesmo que possuir. Deus, a quem a fé nos estimula, a esperança nos eleva, o amor nos une. […] Amo somente a ti, sigo somente a ti, busco somente a ti; estou disposto a servir somente a ti e desejo estar sob a tua jurisdição, porque somente tu governas com justiça. […] Afasta de mim a ignorância para que eu te reconheça. Dize-me para onde devo voltar-me para ver-te e espero fazer tudo o que mandares. […] Faze, Pai, que eu te procure, mas livra-me do erro. Nenhuma outra coisa, além de ti, se apresente a mim, que te estou procurando. Se nada mais desejo senão a ti, Pai, então eu te encontro logo. Mas se houver em mim desejo de algo supérfluo, limpa-me dele e torna-me apto a ver-te.”


(AGOSTINHO, Comentário da primeira epístola de São João)

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

O dia em que Adão tentou brincar de se esconder…

  [Pr. Edson do Prado]        
Imagine que você está participando da escola dominical, ainda meio com sono, querendo acordar para um novo dia, e nessa hora o professor te surpreende e faz uma perguntinha da Bíblia: Fulano, o que Deus disse para Adão e Eva no jardim do Éden depois que eles pecaram? Seria uma pergunta difícil de ser respondida? Talvez sim, talvez não, depende do quanto você conhece da história relatada no livro de Gênesis. Um leitor atento perceberá que as primeiras palavras de Deus, depois do pecado, foram dirigidas para Adão quando o Senhor pergunta: “Onde estás (Gn 3.9)”?
Só então, nosso pai Adão responde: “Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi”. Curioso não é? Nosso primeiro pai tenta brincar de “se esconder” como o Todo-Poderoso, onisciente. Mas qual seria o homem que poderia brincar com Deus de “se esconder”? Não saberia Adão que nenhum lugar é seguro para nos esconder da presença do Altíssimo, mesmo que seja no  polo norte ou polo sul, nas mais profundas cavernas da terra; ou ainda quem sabe no lado oculto da lua? Qual lugar poderia nos ocultar da presença do Senhor onipresente?De fato, nenhum, mesmo que fugíssemos para outra galáxia.
E quem na sua infância nunca brincou de se esconder? Talvez nunca tenhamos parado para pensar que os inventores da brincadeira foram nossos pais Adão e Eva, lá no jardim do Éden. A brincadeira não deu muito certo, pois Adão e Eva não brincaram com homens, mas com o Deus que sabe de todas as coisas (Salmo 139), mesmo que sejam as mais ocultas possíveis! E nós, tentamos fazer a mesma coisa que nossos primeiros pais fizeram? Também tentamos nos esconder, ou foram apenas eles que por detrás das árvores ficaram? A resposta não pode ser minha ou sua, precisa ser da Palavra de Deus.
Há muitos textos bíblicos que nos respondem, mas talvez um dos melhores seja encontrado no evangelho de João 6.44, onde nosso Senhor Jesus diz: “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia”. Mas onde estariam todos os homens para que Deus precise levá-los até nosso Salvador Jesus? A resposta é simples: ESCONDIDOS POR DETRÁS DAS ÁRVORES… Não somente escondidos, mas mortos espiritualmente, por causa do pecado! E como um morto poderia sair detrás das árvores e ir até a presença de Jesus? É por isso que o Pai precisa agir, pois o homem em sua teimosia continua tentando brincar com Deus de “se esconder”.
Outro bom exemplo é dado por Paulo quando escreve: “… não há quem entenda, não há quem busque a Deus; (Romanos 3.11). Mas qual seria a razão pela qual nenhum homem busca a Deus? Novamente a resposta é simples“OS HOMENS CONTINUAM TENTANDO BRINCAR DE SE ESCONDER POR DETRÁS DAS ÁRVORES”Quando lemos a Bíblia de maneira séria, descobrimos que todos os homens são iguaizinhos aos seus primeiros pais, Adão e Eva, até mesmo na brincadeira que não deu certo. Todos repetem o que aprenderam com os pais, assim somos nós espiritualmente.
A última pergunta que o professor da escola dominical precisa fazer é: “Quando o homem sai detrás das árvores”? E meio sonolento ou disperso você precisa aprender a responder: “QUANDO DEUS NOS CHAMA PELO NOME E NOS FAZ RECONHECER OS NOSSOS PECADOS, POIS ELE É SANTO E NÓS PECADORES”.
fonte: Igreja Presbiteriana de Içara

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Escolhidos para a salvação

[Robert Murray]

Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade" [2 Tessalonicenses 2:13]

"...Quando viajamos por países papistas, onde as pessoas se curvam a imagens de madeira e pedra, e onde a Palavra de Deus é proibida, a mente de um crente se volta para as terríveis palavras nos versículos anteriores, com um sentimento de tristeza indizível, e, novamente, quando a mente divaga dessas regiões desoladas para o pequeno rebanho de crentes amados da Escócia, ela percebe o porquê do sentimento alegre que Paulo expressou ao escrever estas palavras: '
Mas nós, devemos sempre dar graças a Deus por vocês, irmãos amados pelo Senhor' (versículo 13).
1. Somos ensinados aqui que Deus é soberano na escolha das almas que são salvas.

(I) Ele é soberano na escolha de homens e anjos não rebeldes.
Nós lemos na Bíblia sobre duas grandes apostasias contra Deus. A primeira ocorreu no céu. Lúcifer, filho da manhã, um dos mais brilhantes querubins ao redor do trono, se rebelou por orgulho, juntamente com miríades de santos anjos. “Eles não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação”. 'Pois Deus não poupou os anjos que pecaram, mas os lançou no inferno, prendendo-os em abismos tenebrosos a fim de serem reservados para o juízo.' (2 Pedro 2:4). A rebelião seguinte foi no paraíso. O homem acreditou em Satanás e não em Deus, e comeu do fruto proibido. “Pela desobediência de um só homem foram todos constituídos pecadores.” Ambas as famílias pecaram contra o mesmo Deus, quebraram a mesma santa lei, caíram sob a mesma maldição, e foram condenadas ao mesmo fogo. Mas aprouve a Deus, em infinita compaixão, fornecer uma forma de perdão para algumas dessas criaturas perdidas. Ele determinou salvar alguns 'para o louvor da glória da sua graça'. Mas quem ele salvará – homens ou anjos rebeldes? Talvez as hostes não caídas do céu implorassem que os seus outrora irmãos fossem tomados, e os homens abandonados. Eles poderiam ter dito que a natureza angelical era maior e mais nobre, e que o homem era um verme. 'Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus!' Ele não poupou os anjos. Ele passou pelos portões do inferno, e não ergueu a cruz do Calvário ali. “Pois é claro que não é a anjos que ele ajuda, mas aos descendentes de Abraão.” (Hebreus 2:16).
(II) Ele é soberano na escolha dos países que têm a luz do evangelho.
Todas as nações são igualmente perdidas e vis aos olhos de Deus. “Ele fez de mesmo sangue todas as nações dos homens, para habitarem sobre toda a face da terra.” E, ainda, quão diferente foi a forma como Ele lidou com diferentes povos. Por que Deus escolheu Israel para ser um tesouro peculiar para Si, e lhes entregar oráculos divinos? Foi porque eles eram mais justos do que os outros? Não, pois isso é expressamente negado: 'Sabe que não é pela tua justiça que Jeová teu Deus te está dando esta boa terra para a possuíres; porque tu és um povo de cerviz dura.' (Deuteronômio 9:6). Nem foi por conta de sua grandeza: 'O Senhor não tomou prazer em vós nem vos escolheu porque fôsseis mais numerosos do que qualquer povo, pois éreis o menor de todas as pessoas, mas porque ele o amava' (Deuteronômio 7:7). Novamente: por que a China, com seus milhões, ficou fechada sob muros por séculos, e foi abandonada à escuridão dos seus ídolos vãos? Por que a Índia foi deixada sob as cadeias cruéis do Hinduísmo? Por que a África foi praticamente entregue à bruxaria e superstição? Por que o belo rosto da Europa foi quase entregue às ilusões do homem do pecado, e por que a nossa própria ilha sombria tem sido escolhida para ser por muito tempo o mais brilhante repositório da verdade em todo o mundo? Somos melhores do que eles? Não, de modo algum. Há pecados cometidos entre nós que envergonhariam os pagãos. 'Seu caminho é de santidade.' 'Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia e terei compaixão de quem eu quiser ter compaixão.'
(III) Ele é Soberano na escolha das pessoas mais improváveis para serem salvas.
Você esperaria que a maioria dos ricos fossem salvos. Eles têm mais tempo para estudar as coisas divinas, não são molestados pelos temores da pobreza, pois podem obter todas as vantagens. Contudo, escute a Palavra de Deus: 'não escolheu Deus os que são pobres aos olhos do mundo para serem ricos em fé e herdarem o Reino que ele prometeu aos que o amam?' (Tiago 2:5). Novamente, você imaginaria que Deus teria escolhido o sábio e erudito, para ser salvo. O evangelho é um assunto de profunda sabedoria. A Bíblia foi escrita em línguas antigas, difíceis de serem alcançadas. E os homens educados geralmente são  livres de preconceitos a que as pessoas comuns estão sujeitas. Contudo, escute a palavra de nosso Senhor: 'Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque tu ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e tu revelaste aos pequeninos. Mesmo assim, Pai, porque assim pareceu bem aos teus olhos.' Você imaginaria que certamente Deus salvaria as pessoas mais virtuosas do mundo. Ele é um Deus de pureza, que ama o que é sagrado e, embora ninguém seja justo, não, nenhum, alguns são muito menos manchados pelo pecado do que outros. Certamente ele adquirirá estes. O que diz o Senhor Jesus aos fariseus? 'Os publicanos e as meretrizes entrarão nos céus antes de vocês.' Jesus deixa que o jovem rico se vá, triste, enquanto o Rei da glória entra no portão de pérolas da Nova Jerusalém com um ladrão lavado em Seu sangue do seu lado.
Se a minha alma é salva, não devo dar graças? Se os ministros são obrigados a agradecer a Deus pela salvação gratuita de seu povo, quanto mais nós estamos obrigados a louvá-Lo por nos salvar. Eu não sou melhor do que um anjo rebelde. Demônios nunca rejeitaram a Cristo como eu fiz, e ainda assim Ele passou por eles e me salvou. Eu não sou melhor do que um chinês ou um hindu, e, ainda assim, a graça passou por milhões deles e veio até mim. Eu não era melhor do que a roda de escarnecedores, talvez pior do que a maioria, mas tenho certeza que posso dizer: 'Tu livraste a minha alma do inferno mais profundo'. Glória a Deus Pai, que me escolheu antes do mundo existir. Glória a Jesus, que passou por milhões e morreu por mim. Glória ao Espírito Santo, que veio gratuitamente em amor e me despertou."...
Robert Murray M'Cheyne - Escolhidos para a salvação (Chosen to Salvation)
fonte: calvinismoexperimental.blogspot.com

domingo, 5 de outubro de 2014

A IMAGEM DE DEUS

[John Stott]

Criou Deus o homem à sua imagem,
 à imagem de Deus o criou (Gn 1.27)



O clímax da atividade criativa de Deus foi o aparecimento dos seres humanos, e a forma como o Gênesis expressa este clímax é descrevendo-os como tendo sido criados “à imagem de Deus”. Porém, os estudiosos não conseguem chegar a um consenso em relação ao significado da imagem divina nos seres humanos.

Alguns consideram que ela significa que os seres humanos são representantes de Deus, exercendo domínio sobre o restante da criação em seu lugar. Outros concluem que a imagem de Deus se refere ao relacionamento especial estabelecido entre Deus e os homens. Mas, se observarmos esta expressão tanto no contexto imediato de Gênesis quanto na perspectiva mais abrangente das Escrituras, parece ficar claro que ela se refere a todas aquelas qualidades ou capacidades humanas que nos diferenciam dos animais e nos aproximam de Deus. Quais são essas qualidades?

A primeira delas é que, como seres humanos, somos racionais e temos consciência de nós mesmos. A segunda é que somos seres morais; temos uma consciência que nos conclama a fazer o que percebemos como certo. A terceira é que somos criativos, tal como o nosso Criador, capazes de apreciar aquilo que é belo aos ouvidos e aos olhos. A quarta é que somos seres sociais, capazes de estabelecer com outras pessoas relacionamentos verdadeiros de amor, pois Deus é amor e, ao nos fazer à sua imagem, ele nos deu a capacidade de amá-lo e de amar aos outros. Por último, temos uma capacidade espiritual que nos faz sentir fome de Deus. Assim, somos os únicos seres capazes de pensar, escolher, criar, amar e adorar.

Infelizmente, precisamos acrescentar que a imagem de Deus em nós foi desfigurada, do mesmo modo que nossa humanidade foi contaminada pelo egocentrismo. A imagem de Deus, no entanto, não foi destruída. Pelo contrário, tanto o Antigo quanto o Novo Testamento afirmam que os seres humanos ainda carregam em si a imagem de Deus e por essa razão devemos respeitá-los. O caráter sagrado da vida humana se origina do valor que decorre da imagem de Deus (9.6). Os seres humanos são seres parecidos com Deus. Eles merecem ser amados e servidos.

Para saber mais: Tiago 3.7-12

Fonte: John Stott – A Bíblia Toda, O Ano Todo.
Www.entretextosteologicos.blogspot.com


quarta-feira, 17 de setembro de 2014

O Salmo 119 não é só o maior salmo da Bíblia

[Pastor João Paulo Thomaz de Aquino]

É mais comum fazermos brincadeiras com o tamanho do Salmo 119 do que sermos abençoados pelo seu conteúdo! Isso acontece por ser ele o maior dos salmos, com 176 versículos. Fica difícil ler este salmo “em uma sentada”, como deveríamos fazer para entendê-lo. Esta meditação visa trazer à tona alguns dos ensinamentos desse precioso Salmo e motivar você a ler o Salmo inteiro e ouvir a voz de Deus em sua Palavra.
NECESSIDADE DE ILUMINAÇÃO – Quase todos os versículos do Salmo 119 contém um nome para se referir à Bíblia e mostra alguma utilidade ou característica da Palavra de Deus. Vários versos do salmo mostram a necessidade que qualquer um de nós tem da graça de Deus para entender a Bíblia. Entenda: a não ser que o próprio Deus te dê entendimento, você não vai compreender a Bíblia. Note como o salmista era consciente dessa necessidade: Salmo 119.18 Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua lei; 34 Dá-me entendimento, e guardarei a tua lei; de todo o coração a cumprirei; 125 Sou teu servo; dá-me entendimento, para que eu conheça os teus testemunhos.
SANTIFICAÇÃO – Uma vez que tenhamos pedido a Deus iluminação e entendimento para compreender a sua Palavra, precisamos nos aproximar dela sabendo que ela é o meio escolhido por Deus para nos fazer mais parecidos com ele. A Bíblia não é um manual de filosofia ou teologia para tornar-nos mais conhecedores, mas ela é a Palavra de Deus que nos torna mais santos, sábios e prudentes. Ela é um dos meios que Deus escolheu para nos abençoar e purificar. Essa é uma das lições contidas no maior dos salmos: Salmo 119.7 Render-te-ei graças com integridade de coração, quando tiver aprendido os teus retos juízos. 9 De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho? Observando-o segundo a tua palavra. 11 Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti. 98 Os teus mandamentos me fazem mais sábio que os meus inimigos; porque, aqueles, eu os tenho sempre comigo. 99 Compreendo mais do que todos os meus mestres, porque medito nos teus testemunhos. 100 Sou mais prudente que os idosos, porque guardo os teus preceitos. 105 Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos. 67 Antes de ser afligido, andava errado, mas agora guardo a tua palavraJoão 17:17 Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.
ESPERANÇA E FORÇA EM MEIO À TRIBULAÇÃO – O Salmo 119 fala bastante acerca do sofrimento. O salmista estava enfrentando lutas quando escreveu essa oração e em diversos versos ele fala sobre a capacidade que a Bíblia tem de transformar e fortalecer aqueles que estão sofrendo lutas e aflições. Salmo 119.25 A minha alma está apegada ao pó; vivifica-me segundo a tua palavra. 28 A minha alma, de tristeza, verte lágrimas; fortalece-me segundo a tua palavra. 50 O que me consola na minha angústia é isto: que a tua palavra me vivifica. 51 Os soberbos zombam continuamente de mim; todavia, não me afasto da tua lei. 52 Lembro-me dos teus juízos de outrora e me conforto, ó SENHOR. 75 Bem sei, ó SENHOR, que os teus juízos são justos e que com fidelidade me afligiste. 76 Venha, pois, a tua bondade consolar-me, segundo a palavra que deste ao teu servo. 92 Não fosse a tua lei ter sido o meu prazer, há muito já teria eu perecido na minha angústia. 107 Estou aflitíssimovivifica-me, SENHOR, segundo a tua palavra. 143 Sobre mim vieram tribulação e angústia; todavia, os teus mandamentos são o meu prazer. 157 São muitos os meus perseguidores e os meus adversários; não me desvio, porém, dos teus testemunhos. 71 Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos.
ATITUDES RECOMENDADAS – A Bíblia é a nossa bússola, o nosso porto seguro, o meio através do qual conhecemos e nos relacionamos melhor com Deus e com Jesus Cristo, aquela que nos consola e santifica. Sendo assim, nossa atitude para com a Bíblia deve ser uma de amor. Devemos voltar a ser reconhecidos como o povo do livro. Devemos meditar e amar a Palavra de Deus. Veja as declarações de amor e necessidade que o salmista fez a respeito da Bíblia: Salmo 119.15 Meditarei nos teus preceitos e às tuas veredas terei respeito. 20 Consumida está a minha alma por desejar, incessantemente, os teus juízos. 24 Com efeito, os teus testemunhos são o meu prazer, são os meus conselheiros. 47 Terei prazer nos teus mandamentos, os quais eu amo. 97 Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o dia! 167 A minha alma tem observado os teus testemunhos; eu os amo ardentemente. 54 Os teus decretos são motivo dos meus cânticos, na casa da minha peregrinação. 164 Sete vezes no dia, eu te louvo pela justiça dos teus juízos. 172 A minha língua celebre a tua lei, pois todos os teus mandamentos são justiça. 62 Levanto-me à meia-noite para te dar graças, por causa dos teus retos juízos. 136 Torrentes de água nascem dos meus olhos, porque os homens não guardam a tua lei. 147 Antecipo-me ao alvorecer do dia e clamo; na tua palavra, espero confiante.  148 Os meus olhos antecipam-se às vigílias noturnas, para que eu medite nas tuas palavras. 162 Alegro-me nas tuas promessas, como quem acha grandes despojos.
Nosso desprezo pelo Salmo 119 é a evidência de um problema muito sério: o desprezo, na prática, pela Palavra de Deus. Assim, ouçamos a vós de Deus por meio de seu apóstolo e cumpramos: desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação(1 Pedro 2:2). Ame a Bíblia, leia-a, medite nela, seja consolado e transformado por Deus por meio de sua Palavra.

Fonte:  http://yvaga.wordpress.com

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Amor e ira

[John Stott]



Na verdade, o homem é, ao mesmo tempo, objeto do amor e da ira de Deus. O Deus que condena o homem por sua desobediência já planejou a maneira para justificá-lo. Três versículos no primeiro capítulo de de Romanos resumem essa verdade. O apóstolo Paulo escreve: “O evangelho... é o poder de Deus para a salvação... Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus [isto é, a maneira de Deus fazer que os pecadores se ajustem a ele]... Portanto, a ira de Deus é revelada dos céus contra toda impiedade e injustiça dos homens...” (Rm 1.16-18). Não se explica exatamente como a ira de Deus está sendo revelada do céu contra o pecado; provavelmente, Paulo se refere ao processo amedrontador da deterioração moral que trabalha em pecadores obstinados a quem Deus abandonou à própria obstinação, algo que ele descreve no fim do capítulo. Mas, se a ira de Deus é vista na corrupção do homem e da sociedade, seu remédio para o pecado é visto no evangelho. Há, portanto, duas revelações de Deus. Sua justiça (ou o caminho para a salvação) é revelada no evangelho, porque sua ira é revelada do céu contra toda injustiça. O Deus da Bíblia, assim, é um Deus de amor e de ira, de misericórdia e de julgamento. E toda a inquietude, busca de prazer e escapismo que marcam a vida do homem em todas as épocas e no mundo todo são sintomas da alienação que decorre do castigo divino.

domingo, 24 de agosto de 2014

Relacionando Corretamente Igreja e Evangelismo


Evangelismo é um esporte individual ou coletivo? Na verdade, as duas coisas.
Pense na pescaria. Há momentos em que você pode passear até o cais sozinho, sentar com os pés pendurados e lançar uma linha. Mas pergunte aos homens de uma traineira no oceano o que é necessário para puxar uma tonelada de sardinhas se contorcendo fora da água. Eles precisam desesperadamente um do outro.
A analogia da pescaria não diz tudo o que queremos dizer sobre a relação entre evangelismo e a igreja local, mas é bíblica e é um começo. Jesus disse aos discípulos que o seguissem e ele os tornaria pescadores de homens, e os enviou em duplas a pregar que o povo se arrependesse. (Marcos 1.17; 6.7, 13). Assim como pescadores em uma traineira, nós precisamos da igreja para fazer o trabalho de evangelismo.
Contudo, há um plano mais amplo que devemos observar com relação ao evangelismo e a igreja. Pense nos primeiros capítulos de Atos, onde os apóstolos proclamaram a ressurreição, e por trás deles estava a igreja, vivendo junta e tendo tudo em comum, "louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo" (2.47; também 5.13). De alguma maneira, a vida da igreja, sentada ali como pano de fundo para a proclamação do evangelho, servia como testemunho para o evangelho. Isso fez com que muitos em Jerusalém vissem os santos com simpatia, o que parecia levar a mais conversões.
Eram esses dias em Jerusalém que Pedro tinha em mente quando, mais tarde, descreveu a igreja como povo, sacerdócio e nação "a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas", vivendo vidas tão exemplares que os pagãos veriam as suas boas obras e glorificariam a Deus (1Pedro 2.9, 12)?
Nos capítulos iniciais de Atos e de 1Pedro 2, tem-se a sensação de ver a igreja como uma colmeia, uma bola de zumbido e doçura do fazer o mel, fervilhando com a entrada e saída de ocupadas abelhas operárias. A colmeia é essencial para o trabalho individual da abelha e para parte do trabalho coletivo. O que tudo isso pode dizer sobre a relação entre evangelismo e uma igreja?
Nenhuma analogia vai longe o suficiente e captura tudo. Vejamos se podemos resumir a relação entre a igreja e o evangelismo na Bíblia em quatro declarações sistemáticas, e depois perguntar quais lições práticas se aplicam às igrejas.
1. EVANGELISMO APONTA PARA DEUS, NÃO PARA A IGREJA
Se você estivesse tentando convencer alguém a entrar no seu clube, você apontaria para todos os benefícios do clube: a diversão que os membros desfrutam juntos, o torneio anual de ping-pong, etc. Não é assim que funciona com o evangelismo e a igreja.
Evangelismo aponta para Deus, não para a igreja. Essa é a primeira declaração.
Paulo diz aos Coríntios que Cristo havia dado a ele (e a eles) um "ministério de reconciliação" e "uma mensagem de reconciliação". Ele (e eles) eram "embaixadores de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio". E essa mensagem de reconciliação é simples: "Reconciliem-se com Deus" (2Co 5.18-21).
As boas novas do evangelista não são "reconciliem-se com outras pessoas", mesmo que as boas novas culminem em tal reconciliação. Mas, as boas novas do evangelista se tratam de como uma pessoa pode ser reconciliada com Deus. Todo o resto flui disso.
2. A IGREJA É UM RESULTADO DE EVANGELISMO
Da mesma forma, o primeiro resultado que se espera do evangelismo é reconciliação com Deus. Mas há um segundo resultado que se espera: reconciliação com o povo de Deus, a igreja.
Se na sua doutrina da conversão falta o elemento coletivo, então está faltando uma peça essencial do todo. Um cabeça da aliança deve ter um povo da aliança. A nossa unidade coletiva em Cristo não é apenas uma implicação da conversão, é parte da própria conversão. Ser reconciliado com o povo de Deus é diferente, mas inseparável, de ser reconciliado com Deus (veja o artigo "The Corporate Component of Conversion" [Em inglês]).
Tudo isso é maravilhosamente demonstrado em Efésios 2. Os versículos 1 a 10 explicam o perdão e a nossa reconciliação vertical com Deus: "Pela graça sois salvos". Os versículos 11 a 20, por sua vez, apresentam o horizontal: "Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um; e derrubou a parede da separação que estava no meio, a inimizade" (v. 14). Note que a atividade no versículo 14 está conjugada no passado. Cristo já tornou um judeus e gentios. Isso é o que eles são porque Deus o fez, e Deus o fez precisamente no mesmo lugar em que ele conquistou a reconciliação vertical — na cruz de Cristo (veja também Ef 4.1-6).
Em resumo, somos salvos e incluídos em um povo.
Os primeiros capítulos de Atos demonstram como se dá isso na prática: "Os que lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas" (At 2.41; veja também 2.47; 4.4; 6.7). As pessoas confiam em Cristo e são acrescentadas à igreja em Jerusalém. Elas são contadas. Os nomes delas são adicionados. Se eles tivessem câmeras, sem dúvida, uma foto teria ido parar no diretório da igreja!
A vida de conversão é moldada congregacionalmente. O lugar dos cristãos é nas igrejas, por isso é para lá que os evangelistas enviam pessoas. 
3. EVANGELISMO É TRABALHO DA IGREJA
Terceiro, evangelismo é trabalho da igreja. Uma vez que uma pessoa é reconciliada com Deus e (portanto) com o povo de Deus, ela ganha um novo trabalho: compartilhar o evangelho com outros. "Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens", disse Jesus (Mc 1.17; também, Mt 28.19). Todo cristão e membro de uma igreja, em outras palavras, tem a responsabilidade de compartilhar o evangelho (veja o artigo de Timothy Beougher, “Must Every Christian Evangelize?” [Em inglês]).
Os primeiros capítulos de Atos enfatizam a pregação dos apóstolos, mas quando a perseguição começou em Jerusalém e a igreja foi dispersa, "os que foram dispersos iam por toda parte pregando a palavra" (At 8.4).
Igrejas locais existem para adorar a Deus e compartilhar as boas novas de Jesus Cristo. É por isso que os mestres ensinam e os membros aprendem. De fato, Jesus dá os chamados evangelistas, pastores e mestres para a igreja para equipá-la para o ministério (Ef 4.11), um ministério que certamente inclui o evangelismo. 
Nós trabalhamos juntos para puxar os peixes para dentro.
4. A IGREJA É UMA APOLOGÉTICA EM EVANGELISMO
A vida de um povo convertido, unido em congregações, deve também recomendar o evangelho que os salvou. "Doutrina de evangelho", Ray Ortlund escreveu, "cria cultura de evangelho". E tal cultura, encarnada em nossas igrejas, deve ser atraente aos de fora, pelo menos a alguns (veja 2Co 2.15-16).
Isso nos traz de volta ao retrato da igreja como uma colmeia viva e cheia de mel. Nós vemos isso em Atos e 1Pedro 2. Nós também vemos isso em Mateus 5, quando Jesus fala sobre a igreja ser sal e luz (vv. 13-16). E isso é notavelmente retratado em João 13, onde Jesus observa: "Assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros" (vv. 34-35).
Nossas boas obras para com pessoas de fora e nosso amor para com nossos irmãos na nossa igreja apontam vizinhos e colegas para Jesus!
Tudo isso para dizer que a igreja local é uma apologética em evangelismo. A vida da igreja argumenta a favor do evangelho. Crentes vivendo uns com os outros testificam do poder de Deus na salvação. Conforme nos assentamos sob a pregação da Palavra de Deus, semana após semana, e conforme o Espírito nos conforma à imagem do Filho pouco a pouco, nós exemplificamos o que o evangelho pode fazer por nós como indivíduos e como povo.
Lentamente, estamos nos tornando a nova humanidade, indo atrás daquele que é o primogênito da nova criação (Cl 1.15). E essa nova humanidade serve como um pano de fundo ou um outdoor maravilhoso no nosso evangelismo. Ela oferece uma cultura que contrasta com as culturas deste mundo.


PONTOS-CHAVE PRÁTICOS
Quais são as lições práticas que podemos tomar desses quatro princípios sistemáticos? Frequentemente pastores tentam fortalecer o ministério evangelístico de uma igreja exortando o povo a compartilhar o evangelho. Certamente isso faz parte. Mas também é fundamental desenvolver a igreja como uma cultura que contrasta com o mundo, o que age como um pano de fundo atraente para o evangelismo. 
1) Evangelismo deve levar ao batismo à  membresia. Igrejas não devem evangelizar e depois deixar novos convertidos por conta própria. Nem deve evangelizar, batizar e depois, talvez algum dia, resolver trazer alguém à membresia da igreja. Exceto por circunstâncias excepcionais (por exemplo, o eunuco etíope), igrejas devem fazer o que a igreja de Jerusalém fez: batizar as pessoas acrescentando-as ao seu número (At 2.41). O batismo, afinal, é o sinal coletivo e autorizado pelo qual uma igreja formalmente declara uma pessoa como um crente. Tal declaração deve, portanto, ser protegida e nutrida pela contínua supervisão, dada através da membresia e da Ceia do Senhor. Nós não deixamos novos pintinhos fora do ninho, mas os trazemos para dentro. 
2) Ensine os membros a integrarem suas vidas. Para fortalecer o poder apologético de uma igreja, os membros devem ser constantemente lembrados através do ensino da palavra e da celebração da Ceia do Senhor que nós somos um corpo (por exemplo, 1Co 10.16-17; 1Co 12). Dificilmente deve haver algum domingo em que os membros não sejam lembrados de construir relacionamentos uns com os outros para que eles encorajem, edifiquem, fortaleçam, falem a verdade, exortem e amem uns aos outros (por exemplo, Rm 12.9-13; Ef 4.11-32). Eles devem ser exortados a mostrar hospitalidade (Rm 12.13; 1Pe 4.9). Tudo isso cria um testemunho atrativo para o evangelho.
3) Ensine os membros a se sacrificarem uns pelos outros. De forma ainda mais específica, cristãos devem pensar sobre como eles podem melhor se sacrificarem uns pelos outros financeiramente e de outras maneiras (por exemplo, At 2.42-46; 2Co 8-9; 1Pe 4.10). Em uma nação consumista, especialmente, o exemplo de generosidade compartilhada entre crentes apresenta uma poderosa cultura contrastante. Lembre-se, Jesus ordenou que os cristãos amassem uns aos outros assim como ele nos amou (Jo 13.34) — um amor sacrificial como nenhum outro.
4) Pratique disciplina eclesiástica. Cristãos hipócritas e hereges em nosso meio comprometem o testemunho da igreja. Quando os membros da igreja em uma comunidade são conhecidos como mentirosos, caluniadores e adúlteros, o trabalho evangelístico dessa igreja não irá tão bem. Isso não quer dizer que uma igreja deve disciplinar todo santo que luta com o pecado no meio dela. Se fosse assim, não restaria mais igreja. Mas, as igrejas devem confrontar e disciplinar pecados impenitentes. Isso serve, ironicamente, para evangelizar o membro impenitente (veja 1Co 5.4), bem como a cidade onde a igreja está localizada, de forma mais ampla (veja 1Co 5.1-2).
5) Equipe os membros para compartilhar o evangelho. A liderança deve procurar várias maneiras de se certificar que cada membro pode explicar os assuntos básicos da fé. Isso pode ser feito a partir do púlpito, da Escola Bíblica Dominical, da entrevista para membresia e em todos os outros lugares (veja o artigo de Kevin McKay, “Overcoming Objections to Evangelism” [Em inglês]).
6) Encoraje os membros a viverem vidas que abençoem as pessoas de fora da igreja. Membros de igreja, espera-se, são conhecidos como gentis, amigáveis e rápidos para estender a mão em auxílio. Nós devemos ser rápidos em chegar com uma vassoura para ajudar a limpar as folhas de um vizinho, rápidos para oferecer ajuda a um colega de trabalho, rápidos para defender uma vítima de abuso, rápidos para trabalhar duro para preservar os empregos de funcionários que trabalham duro, rápidos para abençoar em todo tipo de situação. Boas ações devem adornar nossas palavras evangelísticas.
7) Convide as pessoas para reuniões formais e informais da igreja. Incontáveis histórias poderiam ser dadas de como incrédulos ouviram o evangelho, depois viram a igreja agindo, tanto em reuniões formais quanto em informais, e então chegaram à fé. A vida da igreja unida os compeliu. Ela apontou para algo que eles nunca viram em suas famílias, escolas ou locais de trabalho. Em outras palavras, convidar pessoas de fora para a vida da igreja, certamente deve constituir parte do nosso evangelismo.   
8) Dê o exemplo no evangelismo. Onde quer que os presbíteros de uma igreja sejam conhecidos pelo seu evangelismo, você pode esperar encontrar uma igreja evangelística. Onde os presbíteros não são conhecidos assim, você não encontrará uma igreja assim.
9) Conte histórias de evangelismo e conversão. A liderança deve temperar seus sermões e lições com histórias de encontros evangelísticos. Os membros devem compartilhar pedidos de oração para oportunidades evangelísticas. Candidatos ao batismo devem ter a chance de compartilhar as suas experiências de conversão. Coisas como essas ajudam a tornar o evangelismo parte "normal" da vida cristã e da experiência eclesiástica.
10) Gabe-se de sua igreja. O apóstolo Paulo, às vezes, se gloriava de suas igrejas como uma maneira de gloriar-se de Cristo (veja 2Co 9.2; 2Ts 1.4; cf. Fp 2.16). Cristãos, semelhantemente, devem buscar maneiras de falar de forma positiva e grata — não ofensiva ou orgulhosamente — de suas igrejas quando perto de amigos não-cristãos. Quando um colega perguntar sobre o fim de semana, mencione como a sua igreja deu à sua esposa um maravilhoso chá de bebê. Mencione algo encorajador que o pregador disse no domingo. Mencione o trabalho que a sua congregação está fazendo no abrigo quando o assunto sobre mendigos surgir. Fazer isso bem, sem dúvida, leva tempo e prática.
CONCLUSÃO
Relacionar de forma correta igreja e evangelismo, em nosso entendimento e prática, requer mais do que exortar pessoas para evangelizar. Requer prestar atenção em questões de política e governança, membresia e disciplina. Requer edificar uma igreja saudável que se assenta sob a Palavra de Deus pregada, e conhece a tarefa que Deus deu para a igreja fazer.
Requer líderes piedosos que ensinam e dão o exemplo. E requer membros que amam a Jesus e cada vez mais não conseguem evitar cantar louvores àquele que os trouxe da morte para a vida — dentro e fora do prédio da igreja.

Fonte: www.ministeriofiel.com.br

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Sua Exegese Tem Consequências Eternas


Ideias têm consequências. Desde o alvorecer da filosofia ocidental, temos testemunhado o lado bom e o lado ruim desse axioma. Da influência de John Locke sobre os fundadores da América até os resultados desastrosos da influência de Karl Marx na Rússia Comunista e de Friedrich Nietzsche na Alemanha de Hitler, dificilmente se pode argumentar que ideias não têm consequências. Contudo, não só ideias têm consequências, mas o mesmo acontece com a exegese.
O perigo da interpretação errônea da Escritura não é novo em nossos dias. O apóstolo Paulo instruiu o jovem Timóteo: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 2.15). Existe uma maneira correta e uma maneira errada de se manejar a Palavra de Deus. Infelizmente, em nossa época, há muitos que podem encontrar-se envergonhados por terem manejado mal a palavra da verdade.
Tome, por exemplo, Marcos 16.17-18:
“Estes sinais hão de acompanhar aqueles que creem: em meu nome, expelirão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados.”
Embora a autenticidade dessa passagem seja questão de debate, alguns têm tomado essas palavras e as têm usado para justificar a prática de, literalmente, segurarem serpentes mortíferas no meio da congregação como demonstração de fidelidade. Tragicamente, muitos têm morrido de mordidas de cobras como resultado. Exegese tem consequências.
Considere outro texto bem conhecido da Escritura que, quando mal manejado e aplicado de maneira errada, também tem levado a resultados trágicos:
“Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor. E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados” (Tg 5.14-15).
O estímulo para chamar os presbíteros para que orem pelo enfermo tem levado alguns a entenderem Tiago de forma errada, como se ele estivesse proibindo o uso de médicos ou práticas médicas. Infelizmente, tenho conhecido famílias que, desnecessariamente, perderam entes queridos para enfermidades e doenças que eram facilmente curáveis se tão somente tivessem contado com a ajuda de um médico ou utilizado práticas médicas comprovadas cientificamente. É uma pena que a interpretação e a aplicação errônea desse texto os tenha levado a crer que buscar tal ajuda significaria ser desobediente a Deus. Novamente, exegese tem consequências.
Enquanto interpretar de forma errada a Escritura pode prolongar desnecessariamente a enfermidade e até resultar em morte física, o maior perigo está naquilo que ela pode fazer à alma. Através da exegese errada, pessoas podem e têm sido levadas à morte eterna.
Há alguns anos atrás, um pastor carismático famoso nos Estados Unidos determinou que Deus havia dado a ele a revelação de que a Bíblia ensina que Jesus morreu para salvar todos os seres humanos, sem exceção. O pastor começou ensinando o universalismo, uma heresia que afirma que nenhuma pessoa se perderá na eternidade, quer se arrependam nesta vida ou não. Armado com essa ideia, ele foi às Escrituras e começou a reinterpretar, refazer a exegese e reaplicar muitos textos que ele havia ensinado anteriormente. Por exemplo, 1 Timóteo 4.9-10 diz: “Temos posto a nossa esperança no Deus vivo, Salvador de todos os homens, especialmente dos fiéis”. A partir dessa passagem, o pastor sugeriu que o plano de Deus é salvar todo ser humano, e não somente aqueles que creem nele.
Em uma entrevista, quando questionado sobre aqueles que deliberadamente pecam, rejeitam a Cristo e morrem impenitentes, o pastor foi a Filipenses 2.10-11: “Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai”. Através da interpretação e  aplicação erradas, esse pastor sugeriu que Paulo ensina que todos reconhecerão e aceitarão Jesus antes de morrerem ou depois. Ele afirmou: “Mesmo na vida após a morte alguns receberão a revelação de Jesus e serão inspirados pelo Espírito Santo para confessar seu senhorio”.
É desnecessário dizer que as consequências para essa interpretação e sua aplicação são desconcertantes. Não só a pregação do evangelho é inutilizada, mas o sofrimento pelo qual os apóstolos e a igreja passaram para pregar o evangelho foi em vão (Gl 3.4). Não existe ideia mais perigosa e prejudicial do que a ideia de que homens e mulheres não precisam ouvir o evangelho, se arrepender dos seus pecados e crer em Cristo para serem salvos. Exegese tem consequências. Algumas exegeses têm consequências eternamente desastrosas.
Todavia, assim como a exegese ruim tem consequências eternamente condenatórias, a exegese fiel tem consequências eternamente recompensadoras. 2 Timóteo 2.15 nos encoraja dizendo que aqueles que manejam bem a palavra da verdade não têm do que se envergonhar diante de Deus. Eles não se encolherão de vergonha quando apresentarem suas obras a Deus.
Portanto, se somos fiéis, então nós, assim como Paulo, buscamos manejar a palavra de Deus não enganosamente, mas com integridade e responsabilidade diante de Deus e de todos aqueles que a ouvem (2Co 4.2). Não devemos ser mercadores ou corruptores da Palavra de Deus (2Co 2.17). Ao contrário, pregamos Cristo e a fé nele. Devemos sempre lembrar que a nossa exegese tem consequências.
Fonte: Ministério Fiel

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Porção dobrada do Espírito

[Por Gutierres Fernandes Siqueira]

Você certamente já ouviu algum pregador pentecostal orando para que a plateia ou uma pessoa específica recebesse a “porção dobrada do Espírito Santo”. A base é 2 Reis 2, mas a interpretação é equivocada. Nesse texto, temos a história do profeta Elias designando a continuidade de seu ministério para Eliseu antes de ser transladado. Nos versículos 9 a 11 lemos:

Sucedeu, pois, que, havendo eles passado, Elias disse a Eliseu: Pede-me o que queres que te faça, antes que seja tomado de ti. E disse Eliseu: Peço-te que haja porção dobrada de teu espírito sobre mim. E disse: Coisa dura pediste; se me vires quando for tomado de ti, assim se te fará; porém, se não, não se fará. E sucedeu que, indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho”.

Bom, vejamos o que a expressão “porção dobrada” significa.


1. Quando Eliseu pede a “porção dobrada”, na verdade, ele está requerendo o direito de progenitura sobre os demais profetas da escola de Elias.

Elias foi líder de uma “escola de profetas”, e Eliseu era um dos seus alunos. O ambiente da escola lembrava uma fraternidade onde os membros eram chamados de “filhos dos profetas” (v. 3,5). Ora, com a trasladação de Elias quem seria o seu substituto? Ou seja, quem havia de ser o novo líder? Então, Eliseu baseado na lei mosaica (cf. Dt 21.17) pede a Elias a “porção dobrada”, ou seja, os direitos de um filho primogênito. O primeiro filho recebia o dobro das riquezas do pai em relação aos seus irmãos, e isso implicava mais responsabilidade para a manutenção da família. Donald J. Wiseman lembra que esse filho primogênito “tinha a responsabilidade de perpetuar o nome e o trabalho do pai” [1].

Nesse sentido, a tradução da Nova Versão Internacional (NVI) traz mais luz para a interpretação: “Depois de atravessar, Elias disse a Eliseu: ‘O que posso fazer por você antes que eu seja levado para longe de você?’ Respondeu Eliseu: ‘Faze de mim o principal herdeiro de teu espírito profético’".


2. A “porção dobrada”, portanto, em um primeiro momento, não significava “mais poder” para milagres. Significa, isso sim, mais responsabilidade como o novo líder a representar o legado do antigo líder. Assim, por que os pregadores atuais falam em “porção dobrada” como “poder em dobro” para milagres, mas esquecem da responsabilidade de um legado na substituição de uma liderança?

Repito: a expressão não significa, a princípio, um poder dobrado para milagres ou um ministério ainda mais poderoso em sinais e maravilhas do que o de Elias. É tão verdade que Eliseu continua o trabalho de Elias, mas não se tornou um profeta mais importante do que o seu “pai espiritual”. Ele é usado por Deus em continuidade, mas não se sobrepõe ao seu pai na fé. Quem é o profeta mais lembrado depois de Moisés na história e literatura hebraica? Elias é a resposta. Eliseu certamente pensava que a continuidade do ministério de Elias implicaria grandes sinais, mas a expressão em si não indica essa questão, mas sim o direito de substituí-lo como líder.


3. Elias não concede o pedido a Eliseu porque tal atribuição era divina, e não humana. Como os pregadores atuais podem oferecer o que não é prerrogativa deles?

Eliseu recebe a “porção dobrada” da parte de Deus, mas não de Elias. O profeta Elias mostra a Eliseu que a resposta ao pedido não dependia dele, mas sim do Senhor. “Coisa dura pediste”, diz Elias, indicando que Eliseu seria o seu substituto mediante a observação de seu arrebatamento. O teólogo pentecostal Wilf Hildebrandt escreve sobre essa passagem:

A dificuldade de honrar o pedido é demonstrada por Elias, que faz com que o direito de sucessão dependa do avistar de sua partida por parte de Eliseu. Elias indica que não é uma prerrogativa sua o responder ao pedido e sim uma prerrogativa de Deus. Assim, o pedido por “uma porção dupla” não é concedido por ele, mas depende da permissão de Iahweh para que Eliseu testemunhe sua partida e ‘abra os seus olhos’ para a seleção de Deus. Somente Deus poderia escolher um sucessor para Elias e transferir se o Espírito para o profeta escolhido. [2]”

É interessante observar que um pregador que acredita atribuir o Espírito Santo em dobro para outras pessoas não traz essa ideia da cosmovisão bíblica, mas sim de uma cosmovisão animista, portanto, pagã. É necessário rejeitar qualquer tentativa de interpretar o texto bíblico segundo padrões mágicos que arranham a correta interpretação do mesmo. Ninguém pode “jogar” o Espírito Santo em dobro no outro. O Espírito Santo enche o verdadeiro crente segundo a graça divina para o serviço do Senhor. “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil” [1 Co 12.7].

Referências Bibliográficas:

[1] WISEMAN, Donald J. 1 e 2 Reis. Introdução e Comentário. 1 ed. São Paulo: Edições Vida Nova, 2006. p 172.

[2] HILDEBRANDT, Wilf. Teologia do Espírito de Deus no Antigo Testamento. 1 ed. São Paulo: Editora Academia Cristã e Edições Loyola, 2008. p 195.



segunda-feira, 14 de julho de 2014

Você é um arminiano e não sabe?

Este texto traz algumas considerações sobre as duas principais linhas teológicas de nosso tempo – o Arminianismo e o Calvinismo. Será útil para aquele que tem dúvidas sobre o assunto, bem como para aquele que está iniciando seus estudos em Teologia.  


[por James M. Leonard]


Ao longo dos séculos, os calvinistas têm tido tanto sucesso vilipendiando o Arminianismo que muitas pessoas que são arminianas têm medo de dizer isso. Isto é verdadeiro, mesmo que o Arminianismo seja a posição teológica da maior parte do protestantismo cristão, na verdade, muitas pessoas são arminianas e não sabem, e até mesmo negam. A presença do Arminianismo é tão generalizada que mesmo as mais fortes igrejas calvinistas têm entre seus membros os arminianos. É irônico, então, que as pessoas tenham medo de dizer ou desconheçam que elas são arminianas. Por exemplo, muitos independentes e batistas do sul são tipicamente arminianos, mas por desconhecimento muitas vezes se dizem calvinistas!

O objetivo desta pesquisa é ajudar as pessoas que têm uma teologia arminiana perceberem que elas são arminianas e ajudá-las a compreender que é bom ser arminiano. As perguntas abordam as questões mais pertinentes que definem Arminianismo e o distinguem do Calvinismo.


1. Você acredita que Jesus morreu por cada ser humano?

Se você respondeu sim à pergunta, então, pelo menos, você concorda com um dos princípios centrais do Arminianismo, e você seria indesejável em círculos calvinistas.
Este é talvez o problema mais gritante, que divide o Calvinismo e o Arminianismo.
A maioria dos calvinistas crê que Jesus morreu apenas por algumas pessoas, embora exista algum debate sobre se o próprio Calvino tinha essa opinião.
Se você acredita que Jesus morreu somente por aqueles que creriam nEle, então você realmente é calvinista e não um arminiano.

2. Você acredita que os seres humanos são tão depravados que eles não podem fazer nada para ganhar a salvação e que não podem escolher crer em Jesus sem a intervenção da graça de Deus?

Se você respondeu sim, então você concorda com Arminius e o Arminianismo.
Calvinistas creem nessa mesma doutrina, mas afirmam muitas vezes que os Arminianos não creem, apesar de haver completa unanimidade entre os teólogos arminianos em afirmar a doutrina.

3. Você acredita que uma pessoa pode resistir ao poder de convencimento e à graça de Deus?

Se você respondeu sim, então, novamente, você afirma outro dos princípios centrais do Arminianismo, como refletido nas palavras de Jesus: “Jerusalém, Jerusalém, quantas vezes quis eu reunir os teus filhos... mas vós não o quisestes” (Mt 23:37).
Calvinistas afirmam que Deus determinou que certas pessoas vão acreditar, Ele vai fazer a sua fé possível e chamá-los para a salvação de tal forma que suas próprias vontades serão dominadas, para que não possam resistir ao chamado da salvação.
Arminianos acreditam que Deus quer que cada um possa crer, mas quando Deus chama alguém para crer, Ele o faz de tal forma que o indivíduo ainda pode resistir ao poder de convencimento do Espírito.

4. Você acredita que uma pessoa nasce de novo quando coloca sua fé em Jesus?

Se você respondeu sim, então você se prende a um dos eixos principais do Arminianismo e você provavelmente não é um calvinista.
Calvinistas creem que Deus deve primeiro dar a uma pessoa a nova vida (regeneração) para então permitir a fé; sem ter nascido de novo (sido regenerada) uma pessoa não pode acreditar.
Arminianos defendem que as pessoas não recebem o dom da nova vida, até que elas creiam.
Arminianos defendem que, quando uma pessoa crê, ela é unida a Cristo e só então é que ela participa da vida nova e é nascida de novo. Uma pessoa não partilha da nova vida, sem primeiro estar unida com Cristo pela fé, pois “quem que nele crê não perece, mas tenha a vida eterna”. (João 3:16).

5. Você acredita na eleição?

Se você respondeu sim, então você pode ser um arminiano.
Calvinistas acreditam em uma eleição independente da fé – Deus elegeu parte da humanidade por decreto.
Arminianos acreditam que a eleição é baseada “em Cristo”, ou seja, alguém que está “em Cristo” é eleito. A fé é essencial para tornar-se unido a Cristo e, portanto, a eleição é condicionada à fé.

6. Você acredita na predestinação?

Se você respondeu sim, então você pode ser um arminiano.
Arminianos afirmam que os crentes são predestinados para a salvação final, não que algumas pessoas estão predestinadas a crer. (Parte dos arminianos entendem que os crentes são predestinados para uma vida santa – Rm 8.29)

7. Você acredita que é possível perder a salvação?

A questão é se as pessoas que verdadeiramente acreditam em Jesus podem destruir sua fé a ponto de perder a salvação.

A) Se você respondeu que não crê na possibilidade de perda da salvação, você pode ser um arminiano.
O próprio Arminius não se pronunciou sobre o assunto e nunca ensinou que os crentes podem naufragar na fé e perderem a sua salvação – ele afirmava que esse assunto precisava ser melhor estudado.
Os seguidores posteriores de Armínio é que estudaram o tema e concluíram que os crentes podem fazer naufrágio da sua fé e perecer. Atualmente a maioria dos batistas são arminianos de 4 pontos, pois creem que não se perde a salvação.

B) Se você respondeu que crê na possibilidade de perda da salvação, você afirmou algo que a maioria dos arminianos afirma fortemente, e você certamente não seria bem-vindo no meio Calvinista.
A declaração de fé oficial da Sociedade dos Evangélicos Arminianos apenas afirma que “perseverar na fé é necessário para a salvação final”, sem comentar sobre a possibilidade de naufrágio da fé.
Todos os calvinistas creem na segurança eterna incondicional (uma vez salvo sempre salvo).
Muitos independentes e batistas do sul se dizem calvinistas simplesmente por não crer em perda da salvação. No entanto, esse ponto não é determinante para definir se alguém é arminiano ou calvinista.

8. Você acredita na visão da satisfação penal da expiação?

Se você respondeu sim ou se você respondeu não, você pode ser um arminiano.
A visão da satisfação penal da expiação, afirma que a morte de Jesus implica um pagamento pelo pecado. Ela assume que a justiça de Deus exige que o pecado seja punido e que a justa ira de Deus foi desviada dos pecadores merecedores e derramou-se sobre Jesus como seu substituto.
Esta opinião é defendida pela maioria dos calvinistas e pela maioria dos arminianos. Alguns poucos arminianos rejeitem a noção de que Deus castigou o seu Filho Jesus.
Armínio afirmou o ponto de vista da satisfação penal da expiação.

9. Você acredita que Deus conhece exaustivamente o futuro?

Se você respondeu sim, você concorda com o arminianismo nesse quesito.
Calvinistas e Arminianos acreditam que Deus sabe o futuro de forma exaustiva.
A negação dessa doutrina é uma rejeição da base do teísmo cristão, e aqueles que a negam não podem ser arminianos.
A Sociedade dos Evangélicos Arminianos afirma a doutrina, e não se pode pertencer à ela se não se está de acordo.

10. Você acredita na soberania de Deus?

Se você respondeu sim, então você concorda com o arminianismo nesse quesito.
Todos os calvinistas e arminianos afirmam a soberania de Deus, mas diferem na dotação de Deus para a liberdade dos seres humanos.
Alguns calvinistas definem a soberania como Deus ordenar e predeterminar todas as coisas e eventos, de modo que a escolha humana é apenas uma ilusão.
Alguns calvinistas não negam explicitamente a liberdade humana nas decisões cotidianas, mas negam a liberdade humana de rejeitar o chamado para a salvação.
Arminianos afirmam o livre arbítrio (nas decisões cotidianas) e creem que os seres humanos realmente fazem escolhas genuínas, inegavelmente, afirmando a culpabilidade humana no pecado. No caso da salvação os arminianos creem no ‘arbítrio-liberto’, ou seja, o pecador só pode crer após ser chamado pelo Espírito Santo.
A visão arminiana da Soberania é que Deus tem o poder e a autoridade para fazer tudo o que ele quer, e nada pode acontecer a menos que ele o faça, ou permita. E creem que Deus é Soberano o suficiente para dotar as suas criaturas com livre-arbítrio.
A visão arminiana da soberania e da liberdade humana é motivada por sua compreensão do caráter de Deus como sendo santo, o que significa que: 1) Deus não é o autor do mal e 2) os seres humanos são culpados por seus pecados.


Em resumo, você é um arminiano se crer...
na doutrina da expiação ilimitada (Jesus morreu por todos)
na doutrina da depravação total (as pessoas são incapazes de crer em Jesus sem a intervenção da graça de Deus)
na doutrina da graça resistível (as pessoas podem resistir à graça)
na doutrina da eleição (todos que estão “em Cristo” são eleitos)
na doutrina da predestinação (crentes são predestinados)
na doutrina da satisfação penal da expiação (Deus puniu os pecados do mundo em Jesus)
na doutrina da onisciência (incluindo que Deus conhece o futuro perfeitamente)
na soberania de Deus (Deus pode fazer o que quiser, inclusive dotar os seres humanos de uma vontade livre).

Como afirmei anteriormente, a posição padrão do evangelicalismo cristão é o Arminianismo. E como pode ser visto neste breve resumo, é bom ser arminiano.

Para uma reflexão mais aprofundada sobre estas questões, leia o livro Teologia Arminiana: Mitos e Realidades, de Roger Olson, que estabelece a teologia arminiana clássica e derruba 10 mitos sobre o Arminianismo.

James M. Leonard
http://arminianbaptist.blogspot.com/
publicado em http://confraria-pentecostal.blogspot.com.br/